Por desarmamento, jovens dos EUA querem divulgar fotos de baleados
Alunos da escola do Massacre de Columbine lançam campanha pedindo que publiquem imagem de seus corpos caso morram em um tiroteio
Internacional|Giovanna Orlando, do R7
Quase vinte anos após o Massacre de Columbine, alunos da escola estão fazendo uma campanha pelo desarmamento. Chamada #MyLastShot (meu último tiro, em tradução livre), eles querem que imagens de seus corpos baleados sejam divulgados em redes sociais caso morram em um tiroteio dentro da escola.
Os apoiadores da campanha usam um adesivo escrito “Caso eu morra por causa de violência armada, por favor publique a foto da minha morte” no celular ou em alguma carteira de identificação. A ideia partiu da jovem Kaylee Tyner, de 17 anos.
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Em entrevista à rede de TV norte-americana CNN, Tyner conta que esse tipo de foto choca o país e gera mudanças. “Nosso país tem uma história com fotografia gerando transformações reais”, explica.
A ideia da campanha
A campanha foi inspirada pelo caso de Emmett Till, jovem negro de 14 anos que foi brutalmente assassinado em 1955. O garoto foi sequestrado, linchado e torturado por dois homens brancos, que mesmo depois de confessar o crime, nunca foram julgados e condenados.
Os pais de Emmett decidiram compartilhar as fotos do filho desfigurado e morto. O choque que as fotos causaram fez com que o caso se tornasse popular nos Estados Unidos e no mundo.
Entre os apoiadores da campanha está David Hogg, sobrevivente do massacre de Parkland e uma das vozes mais conhecidas na campanha contra armas nos Estados Unidos.
Pelo Twitter, o jovem compartilhou a foto da carteira de motorista com o adesivo do #MyLastShot.
A campanha, porém, não tem regras estabelecidas de como as fotos devem ser postadas. Tyner espera que elas sejam compartilhadas nas redes sociais, e não na mídia. Além disso, os pais das vítimas também devem estar cientes do último desejo dos filhos.
“É difícil para eles pensarem nos próprios filhos morrendo, mas a realidade é que a violência armada tem um grande impacto na comunidade, e é uma enorme ameaça. Essa é uma conversa que precisa ser tida”, explica.