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Por que a China pegou de volta todos os pandas que estavam no Japão?

Animais são emprestados a países considerados ‘parceiros’ e retornam à China ao fim do acordo

Internacional|Do R7

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  • A China irá repatriar os pandas Xiao Xiao e Lei Lei do Japão até o fim de janeiro, encerrando um ciclo de relações diplomáticas que começou em 1972.
  • A decisão ocorre em um momento de tensionamento nas relações bilaterais entre os países, após comentários da primeira-ministra japonesa sobre Taiwan.
  • A saída dos pandas gerou comoção no Japão, com milhares de visitantes se despedindo dos animais no Zoológico de Ueno.
  • A diplomacia dos pandas é um instrumento de política externa da China, e a devolução dos animais acentua a simbologia entre os dois países em um contexto político delicado.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Xiao Xiao e Lei Lei, gêmeos de quatro anos, retornarão à China
Xiao Xiao e Lei Lei, gêmeos de quatro anos, retornarão à China Reprodução/Redes sociais

A China vai repatriar no fim de janeiro os dois últimos pandas gigantes que viviam no Japão, encerrando um ciclo iniciado em 1972 e deixando o país sem o animal que se tornou símbolo de aproximação diplomática entre Tóquio e Pequim. A decisão segue regras dos acordos de empréstimo, mas ocorre em um momento de deterioração das relações bilaterais e ganhou forte carga simbólica.

Xiao Xiao e Lei Lei, gêmeos de quatro anos nascidos no Zoológico de Ueno, em Tóquio, retornarão à China antes do prazo final de 20 de fevereiro. O anúncio foi feito na segunda-feira (15) e provocou comoção nacional. Um dia depois, milhares de pessoas foram ao zoológico para se despedir dos animais, muitos usando acessórios temáticos e formando longas filas desde o início da manhã.


Embora a volta já estivesse prevista contratualmente, o contexto político ampliou a repercussão. No mês passado, Pequim reagiu com irritação a declarações da primeira-ministra japonesa Sanae Takaichi, que afirmou que um eventual ataque chinês a Taiwan poderia levar a uma resposta militar do Japão. As tensões seguem elevadas.

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A chamada diplomacia dos pandas é um instrumento tradicional da política externa chinesa. Os animais são emprestados a países considerados parceiros e retornam à China ao fim do acordo. Filhotes nascidos no exterior também pertencem ao país de origem da espécie e não permanecem definitivamente nos zoológicos estrangeiros. Em alguns momentos, a retomada dos pandas também foi interpretada como sinal de descontentamento político.


No caso japonês, a saída dos gêmeos tem peso histórico. Quando eles deixarem o país, o Japão ficará sem pandas pela primeira vez desde 1972, ano em que normalizou relações diplomáticas com a China. Desde então, os animais se tornaram um dos símbolos mais populares da amizade entre os dois países.

“Quero que esses pandas fiquem no Japão para sempre”, disse Hiroyo Kashio, funcionária do setor hoteleiro de 60 anos, enquanto aguardava para vê-los. “Sei que eles pertencem à China, mas como nasceram no Japão, quero muito que fiquem no Zoológico de Ueno.”


Xiao Xiao e Lei Lei nasceram em junho de 2021 e se tornaram a principal atração do zoológico após a partida de seus pais no ano passado. Segundo a administração, o impacto emocional do nascimento foi significativo. “O nascimento desses gêmeos realmente nos proporcionou muito, tanto em termos de experiência quanto de impacto emocional”, afirmou Hitoshi Suzuki, chefe de cuidados e exibição de animais do Zoológico de Ueno. “Sou profundamente grato por isso.”

Diante da procura intensa, o zoológico passou a limitar o tempo de visita ao pavilhão dos pandas a cerca de um minuto e exigirá reservas online a partir da próxima semana. Até 25 de janeiro, último dia de visitação, o acesso será definido por sorteio nos 12 dias finais.


Para muitos visitantes, a saída dos pandas vai além do fim de um acordo técnico. “Talvez os comentários do nosso primeiro-ministro tenham influenciado isso”, disse Kashio. “Mas os pandas não deveriam ser uma questão política. Eles são símbolos da amizade entre o Japão e a China, então eu realmente espero que os pandas possam ficar aqui.”

Apesar do apelo popular, a devolução segue a lógica dos empréstimos internacionais e reforça o uso dos pandas como instrumento diplomático da China, especialmente em um período de relações mais tensas com o Japão.

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