Depois de 15 meses de conflito, Israel e o grupo terrorista Hamas chegaram a um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns nesta quarta-feira (15). A medida, que começa a valer no domingo (19), põe trégua a um conflito que deixou 46 mil mortos e forçou o deslocamento de milhões de pessoas na Faixa de Gaza desde o início dos ataques, em 7 de outubro de 2023. O cessar-fogo foi anunciado em Doha, no Catar, pelo primeiro-ministro Mohammed bin Abdulrahman. O país foi um dos mediadores do conflito, ao lado do Egito e dos Estados Unidos, que dispuseram autoridades para garantir as negociações.Mas por que as três nações estiveram envolvidas no acordo entre israelenses e palestinos? Em resumo, elas tiveram papéis fundamentais na mediação do conflito por causa de suas relações estratégicas e influências na região do Oriente Médio.O Catar é um dos principais mediadores no Oriente Médio e, historicamente, tem sido ativo em conflitos da região, como os do Iêmen, em 2007, e no Sudão, em 2011. Isso se deve, em grande parte, às relações diplomáticas que o país possui com grupos regionais, incluindo o Hamas. Doha tem histórico de fornecer suporte financeiro e político ao grupo extremista, uma conexão que permite às autoridades do país atuarem como um canal de comunicação confiável no conflito com Israel.Compartilhando fronteira com a Faixa de Gaza, o Egito possui interesse direto na estabilidade da região. A posição estratégica do país e influência dele no mundo árabe o tornam um intermediário natural em conflitos no Oriente Médio.Além disso, o Egito possui relações diplomáticas tanto com Israel quanto com facções palestinas, incluindo o grupo terrorista Hamas. Desde o acordo de paz de Camp David, assinado em 1978, o país manteve uma relação de cooperação com Israel, ao mesmo tempo que busca dialogar com os palestinos.Os Estados Unidos possuem uma relação estratégica com Israel e são vistos como um parceiro crítico para a estabilidade regional. A participação americana é essencial para oferecer garantias diplomáticas e militares que assegurem o cumprimento do acordo por ambas as partes. O atual presidente Joe Biden coordenou de perto os esforços com Catar e Egito para garantir que o cessar-fogo fosse alcançado, segundo a agência de notícias Reuters. O acordo firmado, inclusive, foi baseado em parâmetros estabelecidos pelo líder norte-americano há meses.“Eu estabeleci os contornos precisos deste plano em 31 de maio de 2024, o qual depois foi endossado unanimemente pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas)”, Biden disse em uma declaração nesta quarta. “Minha diplomacia nunca cessou em seus esforços para fazer isso”.