O que se sabe sobre o acordo de cessar-fogo entre Israel e Hamas
Autoridades dizem que negociações estão progredindo e que um possível acordo está “mais próximo do que nunca”
Internacional|Do R7

Um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns entre Israel e o grupo terrorista Hamas está “mais próximo do que nunca”, disseram autoridades do Catar, país que está sediando as negociações, segundo a agência de notícias AP.
A possibilidade de trégua surge depois de mais de 15 meses de conflito, que já deixou milhares de mortos e forçou o deslocamento de milhões de pessoas na Faixa de Gaza desde o início do confronto, em 7 de outubro de 2023.
O que diz o acordo
O acordo teria três fases, segundo a AP, que informou que teve acesso a uma cópia do documento.
A primeira etapa começaria com a libertação gradual de 33 reféns tomados pelo Hamas, incluindo mulheres, crianças, idosos e civis feridos, em troca de centenas de mulheres e crianças palestinas presas por Israel.
Entre os 33 reféns do Hamas, estariam cinco soldados israelenses. Cada um deles seria libertado em troca de 50 prisioneiros palestinos, incluindo 30 terroristas condenados que cumprem penas de prisão perpétua.
Durante a primeira etapa, que duraria seis semanas, as forças israelenses se retirariam dos centros populacionais, os palestinos seriam autorizados a retornar para suas casas no norte de Gaza e haveria um aumento na ajuda humanitária.
Na segunda fase, o Hamas libertaria os reféns vivos restantes, principalmente soldados, em troca de mais prisioneiros e da “retirada completa” das forças israelenses de Gaza, segundo a cópia do acordo obtida, informou a AP.
O grupo terrorista disse que não libertará os reféns restantes antes do fim da guerra e de uma retirada completa de Israel. Por outro lado, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu prometeu retomar esses combates até que as capacidades militares e governamentais do Hamas fossem eliminadas.
Um oficial israelense disse à agência de notícias que “negociações detalhadas” sobre a segunda fase começarão durante a primeira etapa. Ele informou que Israel não deixaria a Faixa de Gaza até que todos os reféns tivessem retornado para o país.
Em uma terceira fase, os corpos dos reféns restantes seriam devolvidos em troca de um plano de reconstrução de Gaza que seria executado em um período de três a cinco anos sob supervisão internacional.
O acordo foi elaborado a partir de uma estrutura definida pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e endossado pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
O que dizem as autoridades
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, disse em uma entrevista coletiva nesta terça-feira (14) que as negociações finais estavam em andamento.
“Hoje estamos mais próximos de um acordo do que em qualquer outro momento do passado. A situação ainda é fluida, mas estamos todos otimistas”, afirmou.
O Hamas, por sua vez, disse em um comunicado que as negociações em andamento atingiram seu “estágio final”, segundo a AP.
Ainda na terça, Joe Biden disse que os Estados Unidos estavam trabalhando urgentemente para fechar o acordo. “Estamos prestes a concretizar finalmente a proposta que apresentei em detalhes meses atrás”, afirmou.
O presidente eleito dos EUA Donald Trump, que toma posse na segunda-feira (20), disse no início desta semana que um cessar-fogo estava “muito próximo”. “Houve um acordo e eles estão finalizando isso, talvez até o fim da semana”, falou em entrevista à emissora norte-americana Newsmax.
O enviado de Trump, Steve Witkoff, se reuniu às negociações recentemente e esteve na região nos últimos dias. Ele estaria pressionando os israelenses para que um acordo fosse finalizado antes da posse do novo presidente dos EUA, segundo a imprensa norte-americana.
Por que o conflito começou
Na madrugada de 7 de outubro de 2023, integrantes do Hamas bombardearam Israel em um ataque surpresa. 1.200 pessoas foram mortas e outras 250, sequestradas, no que foi considerado o maior golpe sofrido pelo país na história.
O Hamas disse que aquela era uma grande operação para a retomada do território -- o conflito é sobre a divisão da região entre judeus e árabes.
No mesmo dia, Benjamin Netanyahu, disse que o país havia entrado em estado de guerra. Em seguida, Israel iniciou uma invasão na Faixa de Gaza com ataques por terra e ar.
Ao menos 46 mil pessoas morreram desde então, mais da metade delas mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não informa quantos dos mortos eram combatentes.