O quarto dia da guerra entre Israel e Irã foi marcado por ataques em série e um padrão que tem se repetido nas ofensivas iranianas: os mísseis são disparados quase sempre durante a madrugada. Nesta segunda-feira (16), os bombardeios lançados por Teerã mataram oito civis e deixaram cem feridos em Israel.O padrão dos ataques noturnos não é aleatório, avaliam especialistas ouvidos pela mídia israelense. É fruto de uma combinação entre limitações técnicas dos mísseis de Teerã, proteção contra vigilância inimiga e objetivos psicológicos. A lógica é clara, já que disparar na escuridão reduz a chance de detecção por satélites, drones e aviões espiões, além de gerar mais sensação de terror sobre civis.Ao contrário das aeronaves, que utilizam oxigênio da atmosfera para manter a propulsão, os mísseis precisam carregar tanto o combustível quanto o oxidante necessário para a combustão, já que atingem altitudes onde o oxigênio é escasso ou inexistente. Essa exigência molda o tipo de armamento usado e a própria logística dos disparos.Os mísseis de longo alcance, como os da série Shahab, usam combustível líquido. São mais potentes, mas exigem um processo complexo de abastecimento antes do lançamento, com tanques separados para combustível e oxidante. Esse procedimento cria uma janela de vulnerabilidade, especialmente quando há monitoramento constante por satélites e aeronaves de reconhecimento. Para reduzir os riscos, o Irã realiza esses abastecimentos e lançamentos durante a noite, quando há menos visibilidade.Por outro lado, mísseis como o Fateh-110 e o Zolfaghar usam combustível sólido. Eles já saem de fábrica com a mistura pronta, podem ser transportados em plataformas móveis e estão prontos para disparo imediato. Isso oferece vantagens em mobilidade e surpresa, mas há uma limitação, já que uma vez acionado, o sistema de propulsão não pode ser interrompido ou desligado.A Guarda Revolucionária Iraniana combina os dois modelos. O combustível sólido é usado para ataques mais rápidos e flexíveis, enquanto o combustível líquido serve para alvos distantes e estratégicos, desde que haja condições para preparação segura dos mísseis. Em ambos os casos, a preferência é pelos lançamentos noturnos. Como mencionado, o uso da madrugada também se insere na guerra psicológica. O impacto sobre civis é maior quando sirenes disparam durante a noite, com menos capacidade de reação e mais sensação de vulnerabilidade.O conflito, que já deixa centenas de mortos, ocorre em meio a acusações mútuas e à crescente preocupação internacional sobre o risco de escalada no Oriente Médio. Israel justifica sua ofensiva como resposta ao avanço do programa nuclear iraniano. Teerã, por sua vez, classifica os ataques israelenses como atos de guerra e afirma que continuará respondendo. Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp