Por que o preço do petróleo caiu com o ataque do Irã a bases americanas?
Mercado reage com cautela à retaliação iraniana, descartando impacto imediato na oferta global de energia
Internacional|Do R7

O ataque calculado do Irã a bases militares americanas no Catar e no Iraque resultou em queda nos preços do petróleo nesta segunda-feira (23), justamente o efeito contrário do que muita gente esperava no fim de semana, com os ataques dos EUA a instalações nucleares iranianas.
O petróleo começou o dia em alta, mas encerrou as negociações com queda superior a 7%. O contrato de petróleo WTI para agosto fechou a US$ 68,51 o barril, recuo de 7,22%, enquanto o Brent para setembro fechou a US$ 70,52, queda de 6,67%.
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Para muitos analistas, o ataque iraniano foi grave, mas calculado e limitado, direcionado apenas a alvos militares, sem causar vítimas e tendo sido previamente comunicado às autoridades do Catar para evitar baixas civis. Essa contenção reforçou a percepção de que o Irã não pretende interromper o fluxo de petróleo no Estreito de Ormuz, rota estratégica por onde passa cerca de um quinto do petróleo mundial.
A possibilidade de fechamento do estreito, considerada o maior risco para o mercado, foi desacreditada por analistas, que apontam que a medida prejudicaria a própria economia iraniana, além de afetar países compradores-chave como Índia e China.
O mercado interpretou o ataque como um gesto simbólico e controlado, minimizando o prêmio de risco anteriormente incorporado aos preços do petróleo. A reação dos investidores também foi influenciada pela forte presença naval dos EUA e seus aliados na região, que dificultaria ações mais agressivas do Irã.
A região do Oriente Médio responde por aproximadamente um terço da produção mundial de petróleo bruto, porém, até o momento, não foram observados sinais de interrupção no fluxo da commodity, inclusive nas cargas que transitam pelo estratégico Estreito de Ormuz. Desde o início dos ataques israelenses, há indícios de que os embarques de petróleo iraniano no Golfo tenham aumentado, em vez de diminuído, o que contribui para a estabilidade do mercado.
Apesar do possível fechamento do Estreito de Ormuz pelo Irã ser considerado o principal fator de pressão para alta nos preços do petróleo, investidores são aconselhados a manter cautela quanto a uma valorização exagerada da commodity.
Além do cenário geopolítico, a queda do preço do petróleo também refletiu sinais de que a pressão inflacionária poderá diminuir. A vice-presidente de supervisão do Federal Reserve (Fed, o Banco Central Americano), Michelle Bowman, indicou apoio a cortes de juros já a partir de julho, medida que tende a estimular os mercados financeiros e aliviar preocupações econômicas globais.
O alinhamento das autoridades monetárias com a trajetória de queda da inflação contribui para o otimismo dos investidores, afastando temores de choques severos nos preços de energia que poderiam comprometer o crescimento econômico.
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