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Por que Taiwan está se preparando para possível guerra contra a China

Exercícios militares cada vez maiores buscam aumentar a prontidão da ilha diante de ameaças crescentes de Pequim

Internacional|Do R7

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As forças armadas de Taiwan deram início à maior edição do Han Kuang Reprodução/Instagram/@mna_roc

Taiwan deu início nesta semana à maior edição de sua tradicional manobra militar, conhecida como Han Kuang, em um esforço que reflete a preocupação crescente da ilha com uma possível invasão chinesa.

O exercício, que se estenderá por cerca de 10 dias, mobiliza milhares de soldados, reservistas, equipamentos de ponta e também inclui treinamentos para a população civil, evidenciando a seriedade com que o governo local encara o risco de conflito armado.


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A principal razão para o aumento da preparação militar em Taiwan é o avanço das ameaças e das atividades hostis da China. Pequim considera Taiwan uma província rebelde e não descarta o uso da força para realizar uma “reunificação” — postura reafirmada repetidamente por líderes chineses, mesmo diante de apelos internacionais por soluções pacíficas.


A intensificação de exercícios militares chineses ao redor da ilha, incursões aéreas e navais quase diárias e campanhas de desinformação têm elevado o clima de tensão na região.


O Han Kuang foi criado em 1984 e, ao longo dos anos, se adaptou ao contexto geopolítico, ampliando o foco das simulações e aumentando a complexidade das operações. Enquanto, originalmente, tinha como missão teórica a “retomada” do continente, hoje o exercício é centrado na defesa da ilha contra um possível ataque chinês, com simulações de bombardeios, invasões por mar e ciberataques, além de respostas a operações de guerra híbrida.


A edição de 2025 do Han Kuang incorpora lições recentes, como as observadas na guerra da Ucrânia, com ênfase em descentralizar comandos e manter operações mesmo diante de possíveis ataques que prejudiquem comunicações. O objetivo é garantir que o exército taiwanês consiga reagir a um ataque surpresa e manter a resistência mesmo diante de ofensivas coordenadas e sofisticadas.

Para especialistas militares e autoridades locais, a preparação também serve como mensagem clara ao governo chinês e à comunidade internacional: Taiwan está determinada a se defender. Esse posicionamento ganhou ainda mais destaque desde a eleição do presidente William Lai, considerado linha-dura por Pequim e que ampliou investimentos em defesa, modernização de armamentos e fortalecimento do serviço militar obrigatório.

A participação de cerca de 22 mil reservistas, número 50% superior ao do ano anterior, é vista como um passo importante para aumentar a capacidade de resposta rápida da ilha. Entre os equipamentos em destaque estão sistemas de foguetes HIMARS fornecidos pelos Estados Unidos, armamentos desenvolvidos localmente, mísseis antiaéreos e drones, todos voltados para uma estratégia de guerra assimétrica — conhecida como “estratégia do porco-espinho” — que visa dificultar ao máximo uma ocupação.

Outro fator que leva Taiwan a reforçar sua prontidão é a incerteza quanto ao apoio militar direto dos Estados Unidos em caso de ataque chinês. Embora a legislação norte-americana preveja auxílio à defesa taiwanesa, sinais ambíguos vindos de Washington, especialmente sob governos republicanos, aumentaram a sensação de vulnerabilidade na ilha e estimularam a busca por autossuficiência em defesa.

A preocupação com ataques híbridos — incluindo desinformação, operações cibernéticas e sabotagem de infraestrutura crítica — motivou a inclusão de exercícios voltados ao treinamento da população civil e ao reforço de abrigos antiaéreos, evacuação de cidades, controle de pânico e combate à propaganda adversária.

Para Pequim, as manobras são classificadas como “encenação” e “provocação”, e autoridades do Ministério da Defesa chinês afirmam que tais ações não impedirão os planos do Partido Comunista para “unificar” Taiwan, nem seriam capazes de deter as forças armadas chinesas em caso de invasão.

A situação é monitorada de perto por analistas militares e adidos estrangeiros, que avaliam não só a resposta chinesa, mas também os avanços em resiliência e capacidade operacional das forças de Taiwan. Relatórios recentes apontam que a confiança da população taiwanesa em seu próprio exército ainda é considerada “mediana”, o que pressiona as autoridades a demonstrarem preparo efetivo.

Além do fortalecimento militar, a ilha investe na produção local de submarinos, mísseis, treinamento intensivo de soldados e integração entre forças armadas e população civil, buscando criar obstáculos adicionais a uma possível ofensiva chinesa.

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