Privatizações, Israel e Bolsonaro: os primeiros passos de Milei como presidente da Argentina
Ultraliberal eleito com 55,75% da preferência do eleitorado argentino tomará posse no próximo dia 10 de dezembro
Internacional|Do R7
O ultraliberal Javier Milei, do LLA (La Libertad Avanza), deu os primeiros passos como presidente eleito da Argentina após sair vitorioso da eleição de domingo (19), com 55,75% da preferência do eleitorado — o equivalente a 14,3 milhões de votos. Nas primeiras horas como mandatário eleito do país latino-americano, Milei reforçou promessas de campanha, informou que fará duas viagens em breve — aos Estados Unidos e a Israel — e convidou o ex-presidente Jair Bolsonaro a participar da cerimônia de posse, a ser realizada em 10 de dezembro. Ele também anunciou os nomes de oito novos ministros e a extinção de ministérios.
Em uma série de entrevistas a emissoras de rádio, Milei afirmou ter um "plano claro" para enfrentar a grave crise econômica que assola a Argentina, onde a inflação chegou a 140% em 12 meses e o índice de pobreza está em 40%. Ele reforçou que sua prioridade é "destruir" a inflação e empreender uma forte reforma do Estado, que incluirá privatizações e o fechamento do Banco Central. A partir dessas medidas, ele afirma que conseguirá controlar a inflação entre 18 e 24 meses.
"Tudo o que puder estar nas mãos do setor privado vai ficar nas mãos do setor privado", afirmou Milei, acrescentando que a petrolífera YPF (Yacimientos Petrolíferos Fiscales) e os veículos de comunicação estatais estão entre as empresas a serem privatizadas. "Vamos começar primeiro pela reforma do Estado, colocar em caixa as contas públicas muito rapidamente", continuou.
Milei anunciou também que, antes de tomar posse, fará uma viagem aos Estados Unidos e, em seguida, irá a Israel. O presidente eleito, um ultraliberal na economia, é alinhado política e ideologicamente com o Estado de Israel, governado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, um conservador.
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A viagem aos EUA terá "uma conotação mais espiritual do que outras características", segundo Milei, uma vez que irá a Miami e Nova York para visitar amigos rabinos. Depois, ele partirá diretamente para Israel, para uma visita sobre a qual "já estava conversando com o embaixador de Israel na Argentina".
Gabinete
Nas primeiras horas como presidente eleito, Milei antecipou também um pouco de como deve ser seu gabinete quando ele assumir, em dezembro. Ele anunciou o advogado criminal Mariano Cúneo Libarona como ministro da Justiça, e Carolina Píparo como chefe da Anses (Administração Nacional da Seguridade Social). Segundo o ultraliberal, a organização do Executivo nacional terá apenas oito ministérios. Ele ainda não anunciou quem será o ministro da Economia.
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"Vamos surpreender com a equipe que estamos montando. Estamos juntando especialistas de vários espaços, mas com a convicção de mudar a Argentina rumo às ideias de liberdade. Os mais talentosos vão ficar lá dentro, não importa de onde venham, o que importa é resolver os problemas dos argentinos", afirmou.
Segundo a Câmara Nacional Eleitoral da Argentina, 76% dos cerca de 36 milhões de eleitores habilitados a votar compareceram às urnas no domingo — o menor percentual de comparecimento de eleitores às urnas nos 40 anos desde o retorno à democracia, em 1983. No primeiro turno das eleições, quando também houve votação para deputados e senadores, esse índice foi de 77%.