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Protestos deixaram de ter só uma causa, diz líder do Ocupe Wall Street

Em artigo, Micah White ressalta que, a partir da Primavera Árabe, em 2011, o descontentamento alcançou temas mais amplos e não mais específicos 

Internacional|Eugenio Goussinsky, do R7

Ideologia já não é a base das manifestações
Ideologia já não é a base das manifestações

A onda de manifestações que se espalha pelo mundo, da Bolívia a Hong Kong, tem uma marca em comum.

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Reproduz uma nova forma de protesto, iniciada com a Primavera Árabe, em 2011, na qual a reivindicação por um único tema deixou de existir, segundo um dos líderes do famoso protesto Ocupe Wall Street, Micah White.

Assim como a globalização, as manifestações se multiplicam pelo mundo carregando um descontentamento em comum com o sistema político, a corrupção, a violência, a desigualdade, de uma maneira ampla e amorfa.


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O caráter ideológico também deixou de ser prioritário. O descontentamento tem se espalhado por todos os lados do espectro político, da direita à esquerda, do Chile à China, muitas vezes causado por um pretexto, um aumento de tarifa ou uma nova lei, que vai levando a várias outras pautas, muito mais amplas.


White escreveu em artigo, publicado no The Global and Mail, que o novo cenário é, na maioria dos casos, muito mais pulverizado, e dificulta tanto para os manifestantes quanto para os governos.

"Nos anos que antecederam 2011, os movimentos sociais foram tipicamente entendidos como a manifestação do descontentamento popular em torno de uma questão política específica", afirmou.


Iniciado em setembro de 2011, o Ocupe Wall Street se tornou um movimento que reunia milhares de pessoas no centro financeiro de Nova York, para protestar contra a desigualdade econômica e social, estimulada pela especulação financeira. A iniciativa foi se alastrando por várias cidades dos Estados Unidos e de outros países. White, que é ativista e escritor, de 37 anos, continua.

"Em certo sentido, os manifestantes eram tomados por uma pauta: se as massas estavam nas ruas protestando contra a guerra preventiva no Iraque em 2003, por exemplo, foi aceito que a causa raiz dos distúrbios era uma guerra impopular. Os governos tinham uma escolha simples de atender ou desobedecer às exigências explícitas do movimento. Os avanços nas tecnologias de controle de tumultos, fizeram com que os governos as cumprissem com menos frequência", completou.

White cita ainda a evolução das redes sociais como uma espécie de pólvora que fez as manifestações se agigantarem ainda mais, como ocorreu com a Ocupe Wall Street, em 2011, as manifestações do Brasil, em 2013, e até mesmo as incoerências de manifestantes favoráveis ao Brexit, que mudaram de ideia, muitos se tornando posteriormente contrários à saída da Inglaterra da União Europeia.

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"Obviamente, esses movimentos foram motivados por algo mais profundo. A velha piada de que os ativistas realmente não sabem contra o que estão protestando acabou sendo verdadeira, porque os motivos apresentados nunca foram a verdadeira razão pela qual as pessoas comuns se sentiam atraídas a se unir ao grupo na praça", completa.

Com base em um levantamento da revista The Economist, foram listadas as movimentações que, de alguma maneira, mais têm chamado a atenção neste momento.

A relação alcança quase todos os continentes, com protestos recentes na Argélia, Argentina, Bélgica, Bolívia, Cazaquistão, Chile, Colômbia, Equador, Espanha (Catalunha), França, Guiné, Haiti, Honduras, Hong Kong, Índia, Irã, Iraque, Líbano, México, Paquistão, Reino Unido e Venezuela.

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