Putin destitui generais após caso contra jornalista Ivan Golunov
Ministro do Interior russo reconheceu a falta de provas para incriminar o repórter do jornal digital crítico ao Kremlin. Golunov foi solto na 3ª-feira (11)
Internacional|Da EFE
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, destituiu nesta quinta-feira (13) dois generais da Polícia devido ao caso de tráfico de drogas contra o jornalista investigativo Ivan Golunov.
Golunov foi libertado na terça-feira sem acusações depois que o ministro do Interior, Vladimir Kolokoltsev, reconheceu a ausência de provas que demonstrassem a culpa do repórter do jornal digital Meduza, um dos mais críticos ao Kremlin.
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Segundo informou o Kremlin em comunicado, Putin substituiu os generais da polícia Yuri Deviatkin e Andrei Puchkov, medida proposta por Kolokoltsev.
Deviatkin era até agora chefe do departamento de controle de Tráfico de Drogas em Moscou, enquanto Puchkov exercia o cargo de chefe de polícia no distrito oeste da capital russa.
O ministro do Interior ordenou também uma investigação interna depois que o próprio Golunov e seus colegas, assim como ativistas de direitos humanos e opositores denunciaram que o caso estava fabricado.
Golunov foi detido em 6 de junho, depois que a polícia supostamente achou drogas em sua mochila e em seu domicílio, acusação que gerou uma mobilização sem precedentes entre a imprensa russa contra a arbitrariedade policial.
O próprio repórter se declarou inocente desde o princípio e vinculou a perseguição policial com sua atividade profissional, indicando que recebeu ameaças em várias ocasiões.
Embora o jornalista tenha sido libertado na terça-feira, ontem mais de mil pessoas saíram às ruas de Moscou para protestar contra a fabricação de causas penais para calar vozes críticas.
Como a manifestação não tinha sido autorizada, centenas de manifestantes foram detidos pela polícia, mas praticamente todos foram libertados horas depois.
Nos últimos anos, pelo menos oito jornalistas e ativistas russos foram detidos pelas mesmas acusações que Golunov, entre eles, Oyub Titiev, diretor do escritório checheno da ONG Memorial - posto sob prisão domiciliar na segunda-feira.