Rússia x Ucrânia

Internacional Putin pede às mães de soldados que não acreditem em 'mentiras' sobre ofensiva na Ucrânia

Putin pede às mães de soldados que não acreditem em 'mentiras' sobre ofensiva na Ucrânia

Líder se reuniu com parentes de russos enviados à guerra e disse que 'compartilha a dor' com aquelas que perderam seus filhos

  • Internacional | Do R7, com AFP

Resumindo a Notícia

  • Mães e esposas de soldados uniram forçam para exigir que Putin cumpra suas promessas
  • A Rússia prometeu que soldados seriam treinados e receberiam equipamentos apropriados
  • O país recrutou homens inaptos, como pais de família e idosos
  • O recrutamento desordenado obrigou as autoridades a admitir 'erros'
Putin faz reunião com mães de militares russos que participam do conflito com a Ucrânia

Putin faz reunião com mães de militares russos que participam do conflito com a Ucrânia

Alexander Shcherbak/Reuters - 25.11.2022

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, se reuniu nesta sexta-feira (25) com mães de soldados russos, pediu a elas que não acreditassem em "mentiras" sobre a ofensiva na Ucrânia e disse que "compartilha a dor" com aquelas que perderam seus filhos na guerra.

"Quero que saibam que eu e todos os líderes do país compartilhamos da sua dor. Sabemos que nada pode substituir a perda de um filho", disse Putin. "A vida é mais complexa do que vemos na televisão ou na internet [...], há muitas mentiras", declarou o líder russo.

As mães e esposas de soldados russos que foram à Ucrânia uniram forças para exigir que Putin cumpra suas promessas, em vídeos amplamente compartilhados online.

O Kremlin, depois de ter ordenado uma mobilização parcial, em setembro, garantiu que as centenas de milhares de soldados alistados seriam devidamente treinados, receberiam equipamentos apropriados e não seriam enviados às linhas de frente.

Algumas promessas que se revelaram em grande parte vãs: há soldados mobilizados que morreram na linha da frente; recrutaram-se homens inaptos, como pais de família e idosos; o equipamento adequado é escasso; e muitos dos mobilizados não receberam treinamento militar.

Trata-se de um recrutamento desordenado, que obrigou as autoridades a admitir "erros" e que tem preocupado os familiares dos enviados à Ucrânia.

Essa preocupação, que pode levar a distúrbios sociais, deixou o Kremlin em uma posição delicada: enquanto as autoridades reprimem implacavelmente qualquer questionamento sobre a ofensiva na Ucrânia, a voz das mães e esposas dos soldados é sagrada, e, se elas forem presas, o impacto sobre sociedade será notável.

Putin encontrou "mães de soldados que ele tirou da manga, que farão as perguntas certas e lhe agradecerão, como sempre", lamenta Olga Tsukanova, mãe de um jovem que presta serviço militar.

Ela foi propositalmente a Moscou da cidade de Samara, 900 km mais a leste, na esperança de ser recebida no Kremlin. Em vão. "Acho que eles estão com medo que eu faça perguntas irritantes. Mas esse problema precisa ser resolvido!", diz.

Pedir explicações

O presidente russo está ciente de quão delicada é a questão dos parentes dos soldados.

Em agosto de 2000, quando o naufrágio do submarino russo Kursk causou a morte de 118 tripulantes, ele foi amplamente criticado, acusado de ter demorado demais para reagir. 

Durante as duas guerras da Chechênia, um movimento de mães de soldados também incomodou o poder e reforçou o descontentamento entre os russos.

Nessa ocasião, devido ao clima de repressão, os protestos das esposas e mães dos militares não questionavam diretamente a ofensiva na Ucrânia, mas algumas denunciaram as condições em que seus familiares foram mobilizados.

Sua posição, de mães e esposas de homens que foram servir ao país, lhes dá legitimidade e uma espécie de proteção contra qualquer perseguição.

Na sociedade russa, "existe um sentimento inconsciente de que as mulheres têm o direito" de exigir explicações do poder, diz Alexei Levinson, sociólogo do centro independente Levada.

Essas mulheres "pedem que o Estado cumpra o seu papel de 'pai coletivo' dos mobilizados", sustenta. "Quando o Estado ou o comando militar não cumprem suas funções, as mulheres reclamam."

No momento, o movimento é díspar, pouco coordenado. Nas redes sociais, estão se espalhando chamadas de parentes que passam por momentos difíceis no front, e grupos informais estão sendo criados em torno de algumas figuras de destaque.

É o caso de Olga Tuskanova, que milita por uma opositora polêmica, Svetlana Peunova, procurada na Rússia e acusada de promover teorias da conspiração.

No entanto, há mulheres com medo de ter problemas ou causar transtornos a seus parentes no front se falarem com a imprensa, principalmente se for estrangeira.

"Enviamos cartas oficiais às autoridades", escreveu uma delas à AFP, pedindo para permanecer anônima. "Não são os jornalistas que vão tirar os nossos homens das trincheiras, e não queremos causar-lhes ainda mais problemas."

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