Quem é Bashar al-Assad, presidente deposto da Síria
Estudante de medicina, o jovem teve que deixar sua vida em Londres para assumir o cargo de sucessor do pai após morte do irmão
Internacional|Do R7, em Brasília
Primeiro foi Hafez al-Assad, chefe do Partido Baath Sírio. Ele governou o país durante quase 30 anos. Morreu no ano 2000 e, aí sim, veio o filho Bashar al-Assad. E com ele, mais 24 anos de ditadura na Síria, que acabou na madrugada deste domingo (8).
Pai de três filhos e casado com Asma — apelidada de “Rosa no deserto” pela revista Vogue antes das revoltas de 2011 —, Bashar nem sempre foi visto como um ditador. Em seus primeiros anos de gestão, sempre se apresentou como protetor das minorias e um combatente contra o extremismo.
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Na verdade, nem era para ele ocupar o cargo mais importante da Síria. Porém, em 1994, o seu irmão mais velho, Bassel, visto como sucessor do pai, morreu em um acidente de carro.
Bashar teve que abandonar uma carreira promissora como oftalmologista em Londres, onde conheceu Asma, uma britânica-síria e muçulmana sunita que trabalhava para a empresa de serviços financeiros JP Morgan.
Voltou para a Síria, concluiu um curso de estudos militares e se tornou o pupilo de orientações políticas do pai, até Hafez morrer, em 2000. Bashar virou presidente por referendo, sem oposição. Ganhou um segundo mandato em 2007. E venceu as eleições seguintes em processos conduzidos apenas em territórios controlados pelo governo.
No início, ainda aos 34 anos, chegou com uma imagem moderna, dando esperança aos sírios que queriam reformas e mais liberdade. Assad dirigia o próprio carro e frequentava restaurantes com a esposa. E até relaxou algumas restrições pesadas.
As “primaveras” da Síria
Mas veio a transformação. Não demorou para que Bashar prendesse acadêmicos, intelectuais e membros do que então era conhecido como o movimento Primavera de Damasco. Veio a Primavera Árabe, em março de 2011, com manifestações pacíficas pedindo mudanças. Ele ordenou repressão brutal aos manifestantes e a guerra civil rapidamente se instaurou.
Por volta de 500 mil pessoas morreram durante os combates. Deslocou metade da população internamente. Tudo, segundo ele para combater “terroristas”. É acusado de autorizar abusos policiais dentro de prisões e usar armas químicas contra os inimigos.