Quem é o idoso de 80 anos que se tornou o mais velho a concluir maratona ‘mais difícil do mundo’
Bob Becker cruzou a linha de chegada de uma ultramaratona no deserto da Califórnia enfrentando 48°C e 217 km de percurso
Internacional|Do R7
Bob Becker, um maratonista de 80 anos, fez história ao cruzar a linha de chegada da Badwater 135, uma ultramaratona de 217 km conhecida como “a corrida mais difícil do mundo”, nos Estados Unidos.
A façanha, realizada na última semana, consagrou Becker como a pessoa mais velha a completar o desafiador percurso no deserto da Califórnia, segundo o canal de notícias norte-americano CBS News.
A Badwater 135 começa a 86 metros abaixo do nível do mar, no escaldante Vale da Morte, e termina a 2.447 metros, no início da trilha para o Monte Whitney, o ponto mais alto dos Estados Unidos.
Durante a prova, realizada anualmente desde a década de 1980, os corredores enfrentam temperaturas que podem ultrapassar 49°C. Este ano, Becker correu sob um calor de 48°C, enfrentando um trajeto que incluía três cadeias de montanhas e uma subida final de 21 km.
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“Fisicamente, eu estava me sentindo muito bem, mas também completamente aliviado por ter terminado. É exaustivo”, disse Becker à CBS News. Ele completou a prova em cerca de 45 horas, com três horas de sobra dentro do limite oficial, que é de 48 horas.
“Quando você cruza a linha de chegada, depois de toda aquela empolgação e com as pessoas torcendo, seu corpo diz: ‘Ok, hora de tomar um banho e dormir’”, brincou.
Jornada de desafios
Becker, morador de Fort Lauderdale, na Flórida, não é novato em desafios extremos. Ele começou a correr ultramaratonas aos 60 anos, quando comemorou seu aniversário com uma corrida de 240 km no Marrocos.
Desde então, participou de provas em países como China, Grécia, Canadá, Costa Rica e até no Brasil. Sua corrida mais longa foi de 370 km, em Tennessee, dentro dos EUA.
Em 2022, aos 77 anos, Becker tentou quebrar o recorde de corredor mais velho a completar a Badwater 135, mas terminou 17 minutos após o prazo oficial, devido a dores nas costas.
Determinado, ele decidiu tentar novamente este ano, após completar uma corrida de 225 km no Arizona. “Depois que me comprometi, nunca duvidei que conseguiria”, afirmou à CBS News.
A conquista de Becker foi apoiada por uma equipe de quatro pessoas, liderada pela treinadora Lisa Smith-Batchen, uma veterana em ultramaratonas. Juntos, os atletas acompanharam o idoso para mantê-lo hidratado, alimentado e motivado.
Durante a prova, ele consumiu calorias líquidas e géis energéticos, além de tirar dois cochilos rápidos. A equipe de ajuda também cuidou de trocas de roupas, calçados e tratou bolhas, correndo ao lado do maratonista para oferecer apoio emocional.
“Ela [Lisa] me dava um abraço apertado, me mantinha no caminho certo e firme até a linha de chegada”, contou Becker.
Treinamento e determinação
Para se preparar para as competições, Becker mantém uma rotina intensa. Quando não está treinando para uma prova, corre de 48 a 64 km por semana, aumentando para 96 a 112 km durante períodos de treino.
Ele também faz exercícios de força, treinos para o core e, para simular subidas em sua cidade, que é majoritariamente plana, sobe escadas correndo ou percorre uma ponte íngreme por 40 km.
Becker, que já completou a Badwater 135 em 2008, 2014 e este ano, também fez história em 2015, aos 70 anos, ao realizar a “Badwater Double”, correndo de volta ao ponto de partida após a prova oficial, segundo o jornal britânico The Guardian.
Ele atribui a longevidade no esporte à escolha de desafios realistas para sua idade e à determinação de nunca parar. “Algumas pessoas dizem que é loucura, mas eu respondo que isso é um pré-requisito para esse tipo de coisa”, disse.
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