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Rádio Migrantes leva informação para deslocados em todo o mundo

No início, a ideia era uma programação toda feita em espanhol. Contudo, eles foram percebendo que o idioma não conseguia alcançar todos ouvintes

Internacional|Beatriz Sanz, do R7

A programação da Rádio Migrantes é toda feita pelos imigrantes e refugiados
A programação da Rádio Migrantes é toda feita pelos imigrantes e refugiados

O poder de aproximar pessoas e quebrar a distância é uma das principais funções da internet.

Essa aproximação, aliada ao poder da comunicação, forma a base da Rádio Migrantes. A webradio, que está no ar há cinco anos, tem uma programação voltada para imigrantes, refugiados, pessoas deslocadas pela violência e suas famílias que podem escutar em qualquer lugar do mundo.

A proposta da rádio surgiu em 2013, quando o jornalista chileno Miguel Ahumada foi procurado por uma instituição que acolhe refugiados e imigrantes no Brasil. O primeiro programa foi ao ar no dia 9 de julho daquele ano.

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No início, a ideia era uma programação toda feita em espanhol. Contudo, com o passar do tempo, eles foram percebendo que a língua espanhola não conseguia alcançar todas as pessoas que ouviam a rádio. “Notamos que teríamos que ter mais abertura para as outras comunidades”, explica Ahumada.


Atualmente, toda a programação da emissora é em português e é elaborada pela jornalista Patricia Rivarola e por Ahumada.

Programas feitos pelos imigrantes


Para levar informação sobre questões importantes para cada comunidade, toda a programação informativa é feita pelos imigrantes e refugiados que trabalham voluntariamente.

Ahumada explica que são os próprios imigrantes que o procuram com as sugestões e tudo o que ele faz é dar alguns direcionamentos e deixar que a pessoa se divirta criando o programa.


O jornalista que só faz uma exigência: que as informações passadas nos programas sejam checadas. “Tudo tem que ser verdadeiro porque a informação que ele vai passar, vai para a comunidade”, diz.

Ahumada conta que já foi questionado algumas vezes sobre as informações divulgadas porque os ouvintes são muito ativos e participantes.

Na grade da Rádio Migrantes existem programas sobre educação, sobre a Venezuela, o Paraguai e até mesmo sobre as influências da migração no Vale do jequitinhonha, em Minas Gerais.

Os programas ainda informam sobre documentação necessária para solicitar status de refúgio, denúncias de xenofobia, decisões do governo brasileiro que podem impactar suas vidas e acontecimentos que possam interessar aos ouvintes, como festas e celebrações.

Programas são ouvidos em 32 países
Programas são ouvidos em 32 países

Como são os próprios deslocados que produzem o conteúdo, eles avisam suas famílias e amigos que ficaram nos países de origem, o que faz com que a rádio tenha uma audiência global.

Os programas são repetidos em, no mínimo, três horários diferentes cada, para que pessoas que vivem em outros fusos horários possam acompanhar. São pelo menos 32 países acompanhando a programação diariamente.

Deslocados no mundo

O Brasil é o país que mais abriga refugiados e imigrantes na América Latina, segundo dados da Acnur.

Mas para além da fronteira, Ahumada se preocupa com a situação dos deslocados em todo o mundo. “Eu sinto que estamos entrando em um momento político muito conturbado”, lamenta.

O jornalista denuncia que no Chile, por exemplo, o governo de Sebastián Piñera tem expulsado muitos imigrantes venezuelanos usando o argumento de que deseja fazer uma imigração “ordenada e segura”.

Nesse contexto, o Brexit e o muro que Donald Trump ameaça construir na fronteira com o México são exemplos de como países desenvolvidos lidam com a questão da imigração.

Ahumada, no entanto, apresenta outro ponto de vista. Os imigrantes e refugiados giram a roda da economia nos dois países.

Quando encontram trabalho, essas pessoas precisam arcar com suas despesas básicas e ainda enviam dinheiro para suas famílias que ficaram no país de origem.

Para ele, os deslocamentos são fênomenos importantes e que não podem ser parados pelos governos dos países-destino. "A imigração não acaba nunca", resume.

Outros projetos

A Rádio Migrantes é mantida pela Missão Paz, sem nenhum tipo de ajuda governamental. Ahumada reforça que tudo é feito com a ajuda de doações.

O local abriga ainda uma biblioteca com centenas de título sobre imigração e refúgio. Segundo o jornalista, o local recebe em média 90 estudiosos de todo o mundo por mês pesquisando sobre o tema.

O Centro de Estudos Migratórios da USP também realiza reuniões e diálogos mensais no espaço.

Ahumada explica que todas essas atividades ressaltam que o conceito de migração e refúgio é muito mais amplo do que apenas os deslocamentos. “Existe a questão da saúde, das políticas públicas, da moradia, da educação. É um tema muito abrangente”.

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