O rei emérito da Espanha, Juan Carlos I, comunicou ao filho, o rei Felipe VI, a decisão de passar a viver fora da Espanha, diante da repercussão pública de "certos acontecimentos passados" da vida privada, segundo informou nesta segunda-feira (3) a Casa Real, em comunicado.Leia também: Tribunal Supremo da Espanha investigará rei Juan Carlos A nota foi divulgada horas depois que o rei emérito deixou o Palácio de la Zarzuela, em Madrid, sua residência oficial durante os últimos 58 anos. Ainda não foi divulgado em que país Juan Carlos irá morar. Para analistas europeus, a saída do rei do palácio oficial foi uma medida tomada em conjunto para preservar a família real dos diversos escândalos protagonizados pelo antigo monarca, que assumiu o trono após o fim da ditadura franquista em 1975 e abdicou do trono em favor do filho, Felipe, em 2014. Em março deste ano, foi aberta uma investigação para apurar uma suspeita de lavagem de dinheiro em nome do rei emérito, em uma parceria entre o Ministério Público da Suíça e autoridades anticorrupção da Espanha. O inquérito apura uma doação de 100 milhões de euros (cerca de R$ 624 milhões) feita em 2008 pelo então rei da Arábia Saudita, Abdullah, para uma entidade chamada Fundação Lucum, por meio da filial no Panamá de um banco suíço. O principal beneficiário da Lucum, que foi criada uma semana antes do depósito, era o rei Juan Carlos. A suspeita é que o dinheiro era uma comissão que ele recebeu por ajudar um consórcio de empresas espanholas a conquistar o contrato para a construção de uma linha de trem de alta velocidade entre Meca e Medina, na Arábia Saudita. Mais da metade desse dinheiro, um total de 65 milhões de euros (cerca de 406 milhões) foi parar em 2012 na conta de outra entidade, a Solare Investors Corporation, nas Bahamas. A beneficiária dessa conta é a empresária alemã Corinne Larsen, apontada como uma das amantes do rei emérito.