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Relatório aponta que 251 jornalistas estão presos pelo mundo

China, Egito e Arábia Saudita concentram mais da metade dos profissionais da imprensa presos globalmente por exercer profissão; 13% são mulheres

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Estudo sugere que autoritarismo contra imprensa não é temporário
Estudo sugere que autoritarismo contra imprensa não é temporário

Poucos dias depois de a revista Time escolher como "Pessoa do Ano" os jornalistas que se destacaram em 2018 como "guardiões da verdade", a organização CPJ (Comitê para a Proteção dos Jornalistas) divulgou, nesta quinta-feira (13), um relatório especial apontando que 251 profissionais da imprensa ou mais se encontram presos pelo mundo pelo terceiro ano consecutivo.

O estudo, segundo a CPJ, sugere que "o autoritarismo contra a cobertura crítica de notícias não é uma tendência temporária". China, Egito e Arábia Saudita — que concentram mais da metade dos repórteres presos globalmente — detiveram mais jornalistas do que haviam feito em 2017 e a Turquia se consolidou como o país com o maior número de profissionais atrás das grades.

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O levantamento ainda aponta que 70% dos jornalistas presos no mundo respondem por acusações de feitas pelo Estado, como pertencer ou ajudar grupos que as autoridades classificam como organizações terroristas. Entre os números em ascensão, destaca-se o de repórteres presos em 2018 por propagar o que as autoridades classificaram como notícias falsas: 28 — um crescimento de 211% em relação a dois anos atrás, quando 9 profissionais foram detidos pelo mesmo motivo.

Notícias falsas e julgamentos em massa


O país que mais prendeu profissionais da imprensa por propagar o que o Estado julgou como “notícias falsas” foi o Egito, com 19 detidos. Em seguida, aparecem Camarões (4), Ruanda (3), China (1) e Marrocos (1).

No Egito, pelo menos 25 jornalistas foram presos sob a administração do presidente Abdel Fattah el-Sisi — que tem sido alvo de críticas por submeter dezenas de pessoas a condenações à morte e julgamentos em massa.


O relatório da CPJ destaca também que, na China, o saldo de 47 jornalistas presos reflete a mais recente onda de perseguição à minoria da etnia uigur, na região de Xinjiang, a oeste do país. Em Xinjiang, pelo menos 10 profissionais da imprensa foram presos sem acusações formais, sob o pretexto das autoridades de “conter o terrorismo” — o que acabou por gerar preocupação no Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial da ONU (Organização das Nações Unidas).

Jamal Khashoggi foi assassinado por autoridades sauditas
Jamal Khashoggi foi assassinado por autoridades sauditas

Jamal Khashoggi


A Arábia Saudita, por sua vez, tem sido alvo de intenso escrutínio internacional após a morte do articulista Jamal Khashoggi — que foi assassinado por autoridades sauditas dentro do consulado do país em Istambul, na Turquia, no mês de outubro. O jornalista trabalhava para o jornal The Washington Post e era crítico do Mohammad bin Salman, governante de fato do reino.

No Brasil

O relatório da CPJ sublinha a prisão do jornalista Paulo Cezar de Andrade Prado, autor do “Blog do Paulinho”, no Brasil. De acordo com postagem na própria página de Prado, “nesse clima de intimidação à imprensa que existe no país, acabo de ser preso pela polícia de São Paulo, que cumpriu mandado por difamação”. A CPJ afirma que o jornalista continua detido na Penitenciária II de Tremembé e seu advogado informou que ele está em boas condições de saúde.

Números gerais

De todos os jornalistas presos pelo mundo, 13% — um total de 33 — são mulheres. O aumento é de 8% em relação a 2017. A CPJ também apurou que ao menos 30% dos profissionais da imprensa detidos globalmente trabalhavam como freelancers.

Ao menos 98% de todos os jornalistas foram detidos pelos governos de seus países, à exceção de cinco profissionais, incluindo um russo na Ucrânia e um ucraniano na Rússia.

Nas Américas, o país recordista de jornalistas presos é a Venezuela, com três repórteres atrás das grades.

A CPJ salienta que Azerbaijão e Vietnã também prenderam um número considerável de jornalistas, "na casa dos dois dígitos", com 10 e 11 profissionais detidos respectivamente. E, pela primeira vez em duas décadas, não houve repórteres atrás das grades registrados no Usbequistão. 

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