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Ruanda enterrará cerca de 80 mil mortos em genocídio após 25 anos

Dezenas de milhares de corpos das vítimas do genocídio de 1994 vêm sendo recuperados nos últimos anos e serão enterrados dignamente em maio

Internacional|Da EFE

Evento em estádio relembrou genpcídio de 1994
Evento em estádio relembrou genpcídio de 1994

Um total de 80.931 corpos recuperados de valas comuns escavadas durante o genocídio de 1994 em Ruanda serão enterrados de forma digna em 4 de maio no Monumento ao Genocídio em Nyanza, ao sudeste de Kigali, revelou neste domingo (7) à Agência EFE a associação de sobreviventes Ibuka.

"Descobrimos as valas comuns nos distritos de Rusororo e Masaka, nos arredores de Kigali, em abril de 2018", detalhou o coordenador desta entidade no distrito de Gasabo, Theogene Kabagambire.

No último ano "foram exumados 30.923 corpos só no município de Kabuga, parte do distrito de Rusororo", antecipou Kabagambire, sem poder especificar o número total de valas comuns achadas nesta área a até 25 metros de profundidade.

No bairro vizinho de Masaka, no distrito de Kicukiro que abriga o Monumento ao Genocídio de Nyanza, outros 50.158 corpos foram exumados, segundo o chefe de escavações, Innocent Gasinzigwa, de um total de "128 valas comuns".


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Para encontrar estes corpos, Ibuka contou com o testemunho anônimo de um então jovem membro do grupo paramilitar extremista hutu Interahamwe ("os que brigam juntos"), que participou do genocídio com 15 anos de idade e depois passou uma década na prisão.


Segundo Gasinzigwa, foram também achados vários corpos na casa do ex-prefeito de Kanombe, Jean-Paul Nytayamira.

Nesta área, o regime do então presidente ruandês, Juvénal Habyarimana, encarregou à juventude hutu escavar túmulos entre 1990 e 1992, após o tentativa fracassada em 1990 da Frente Patriótica de Ruanda (RPF) — milícia liderada pelo atual chefe de Estado, Paul Kagame — de tomar o poder.


"É triste que os ruandeses desta área tenham ficado em silêncio durante 24 anos e, no entanto, soubessem da existência destas valas", sentenciou Kabagambire.

Em 6 de abril de 1994, a queda do avião no qual viajavam Habyarimana (de etnia hutu) junto ao seu colega de Burundi, o presidente Cyprien Ntaryamira, foi a detonante desta limpeza étnica considerada uma das piores da história.

Em apenas só 100 dias, cerca de 800 mil pessoas foram assassinadas — muitas a facadas —, das que a grande maioria foram tutsis, mas também hutus moderados.

Ruanda, com o presidente Paul Kagame à frente, lembra neste domingo (7) oficialmente o 25° aniversário do massacre com vários atos para lembrar as vítimas e evitar que caiam no esquecimento.

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