Rússia arquiva causa contra jornalista acusado de tráfico
Ivan Golunov está em prisão domiciliar depois de tentativa de venda de drogas e será libertado nas próximas horas, segundo ministro do Interior
Internacional|Da EFE
O jornalista investigativo russo Ivan Golunov, que está em prisão domiciliar desde sábado (8) por uma suposta tentativa de tráfico de drogas, será libertado nas próximas horas, segundo anunciou nesta terça-feira (11) o ministro do Interior da Rússia, Vladimir Kolokoltsev.
"Hoje será libertado da prisão domiciliar. Todas as acusações foram retiradas", disse o ministro à imprensa local.
Kolokoltsev destacou que as autoridades não tinham conseguido demonstrar a culpabilidade do repórter do portal "Meduza", um dos mais críticos com o Kremlin, depois que sua polêmica detenção suscitou críticas de ativistas no país e de organizações internacionais.
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Por essa razão, as autoridades tomaram a decisão de arquivar a causa contra o jornalista, acrescentou o ministro, destacando que os agentes envolvidos na sua detenção foram temporariamente "afastados do serviço".
Além disso, foi instaurada "uma investigação interna" para avaliar a legalidade das ações da polícia em relação a Golunov.
Kolokoltsev disse ainda que pedirá ao presidente russo, Vladimir Putin, que demita o alto escalão da polícia envolvido no caso, entre eles dois generais.
Golunov foi detido em Moscou no último dia 6 de junho, depois que a polícia supostamente encontrou drogas na sua mochila e em seu apartamento.
"Choro de alegria. Entendemos perfeitamente que isto foi possível graças aos esforços de milhares de pessoas", declarou a diretora-geral do "Meduza", Galina Timchenko.
Por sua parte, o chefe do Conselho de Direitos Humanos, órgão vinculado ao Kremlin, Mikhail Fedotov, elogiou a decisão de libertar o repórter.
"É uma vitória de todos, uma vitória da sociedade civil (...), uma vitória do bom senso, uma vitória da lei", declarou.
A prisão de Golunov, conhecido por suas investigações sobre a corrupção entre os funcionários públicos moscovitas, suscitou várias críticas de ativistas no país e de organizações internacionais como a Anistia Internacional (AI).
O caso gerou também uma grande comoção na comunidade jornalística russa cujos representantes começaram a organizar piquetes solidários em frente à sede do Ministério de Interior para exigir justiça para Golunov.
Em um gesto sem precedentes, nesta segunda-feira três grandes jornais russos - "Kommersant", "Vedomosti" e "RBK" - estamparam a mesma capa em defesa do jornalista detido.
O próprio repórter se declarou inocente e vinculou a perseguição policial com sua atividade profissional, indicando que recebeu ameaças em várias ocasiões.