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Rússia ordena retirada de tropas da cidade ucraniana de Kherson

Município era a única capital regional que caiu em mãos russas, logo após o início da ofensiva de Moscou, no fim de fevereiro

Internacional|Do R7

Retirada das tropas russas de Kherson representa um sério revés para o Kremlin
Retirada das tropas russas de Kherson representa um sério revés para o Kremlin

A Rússia ordenou, nesta quarta-feira (9), que as tropas do país se retirem de Kherson, ante o avanço da contraofensiva ucraniana, em um novo revés que a obriga a abandonar a única capital regional conquistada em quase nove meses de operação militar.

Esse recuo foi anunciado após a retirada, nas últimas semanas, de mais de 100 mil civis da área, uma operação denunciada pelas autoridades ucranianas como uma "deportação".

Antes de Kherson, localizada no sul da Ucrânia, as tropas russas já haviam sido forçadas a deixar a região de Kharkiv, no noroeste, em setembro, em meio à avassaladora reação ucraniana.

À época, o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a mobilização de 300 mil reservistas para consolidar as linhas e recuperar a iniciativa no terreno. Dezenas de milhares de membros desse contingente já se encontram em zonas de combate.


"Comece a retirar os soldados", disse nesta quarta-feira na televisão o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, ao general Serguei Surovikin, comandante das operações russas na Ucrânia, admitindo que a decisão de se retirar para a margem direita do rio Dnieper "não foi nada fácil".

"As manobras [de retirada] dos soldados começarão muito rapidamente", declarou o oficial militar.


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A Rússia abandona, assim, não apenas o maior troféu de campanha, mas também a capital de uma das quatro zonas anexadas no final de setembro.

Shoigu ordenou às tropas que se retirem da margem direita, ao oeste, do Dnieper, onde fica a cidade de Kherson. O objetivo é estabelecer uma linha defensiva na margem esquerda do rio, que representa um obstáculo natural mais fácil de proteger.


A região de Kherson também ganha importância estratégica, por fazer fronteira com a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Logo depois do anúncio, o conselheiro da Presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, disse, no entanto, que até o momento não havia visto "qualquer sinal de que a Rússia vá deixar Kherson sem lutar", acrescentando que parte das tropas de Moscou continua na cidade.

O general Surovikin justificou a retirada pelo desejo de proteger os soldados russos e acusou as forças ucranianas de bombardear civis.

"Pensamos, antes de mais nada, na vida de cada soldado russo", declarou.

Ainda segundo o general, o Exército russo "resiste com sucesso às tentativas de assalto" dos ucranianos.

O chefe da administração russa de Kherson, Vladimir Saldo, informou a morte de Kirill Stremousov, um funcionário de alto escalão das autoridades de ocupação em um acidente de trânsito.

Stremousov foi um dos mais fervorosos defensores da anexação de Kherson à Rússia. O falecimento dele ocorre depois que vários funcionários indicados por Moscou foram alvos de ataques, às vezes mortais, na Ucrânia.

Ajuda europeia

Surovikin também anunciou que as autoridades de ocupação "retiraram" 115 mil pessoas da margem direita para a esquerda do Dnieper nas últimas semanas.

Os ocidentais continuam, por sua vez, afirmando seu apoio militar, logístico e financeiro a Kiev.

A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia propôs aos 27 países-membros do bloco a concessão de um pacote de 18 bilhões de euros (cerca de R$ 93 milhões) à Ucrânia para 2023, na forma de empréstimos.

O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, agradeceu pela "solidariedade" europeia.

A possibilidade de os republicanos vencerem as eleições de meio de mandato nos Estados Unidos gerou temores na Ucrânia sobre a futura posição de Washington, embora a Casa Branca tenha assegurado que o apoio era "incontestável".

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, também considerou que o resultado das eleições americanas não prejudicará, de forma alguma, o apoio militar ocidental à Ucrânia.

"Está absolutamente claro que há um forte apoio bipartidário nos Estados Unidos para continuar apoiando a Ucrânia, e isso não mudou", garantiu.

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