Rússia pede diálogo entre curdos e Damasco no nordeste da Síria
Chanceler russo diz que problemas da região serão resolvidos na conversa e e lembrou que representantes de Damasco estão prontos para reunião
Internacional|Da EFE
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, afirmou, nesta quarta-feira (9), que os problemas no nordeste da Síria serão resolvidos mediante o diálogo entre curdos e governo sírio, com o objetivo de garantir a segurança na fronteira turco-síria.
"Nossa posição é inequívoca: todos os problemas nessa área devem ser resolvidos através do diálogo entre o governo de Damasco e representantes das comunidades curdas", afirmou Lavrov, em entrevista coletiva, em Nursultan, capital do Cazaquistão, ao ser perguntado sobre a ofensiva militar turca contra as milícias curdas no nordeste da Síria.
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Acompanhado por ministro das Relações Exteriores cazaque, Mukhtar Tleuberdi, com quem se reuniu hoje, Lavrov disse que a Rússia está em contato com o governo sírio e também com a comunidade curda, e lembrou que ontem, representantes de Damasco e curdos garantiram estar prontos para o diálogo.
"As negociações são a única maneira de estabelecer segurança na fronteira entre Turquia e Síria", enfatizou o chanceler russo, também afirmando que Moscou "fará todo o possível para promover o início de um diálogo direto substantivo".
"Esperamos que (esse diálogo) seja apoiado por todos os principais atores externos", disse.
Além disso, Lavrov explicou que durante conversa por telefone com o chanceler turco Mevlut Çavusoglu, lhe foi garantido que Ancara respeitará a soberania e integridade territoriais da Síria.
Acusação contra os EUA
O ministro russo também acusou os Estados Unidos de manterem uma postura "contraditória" na Síria e de serem "incapaz de negociar" uma solução para o conflito no país árabe.
A Rússia acusou em diversas ocasiões os EUA de ocuparem ilegalmente o território sírio com sua base militar em Al-Tanf, uma zona de influência onde também está localizado o campo de refugiados sírios de Rukban, que Damasco e Moscou gostariam de evacuar com ajuda da ONU.
Os Estados Unidos decidiu retirar suas tropas que ficavam na Síria diante do iminente ataque turco. As milícias curdas Unidades de Proteção Popular (YPG) foram aliados de Washington na luta contra o Estado Islâmico.
O governo turco considera YPG um grupo terrorista, por conta de sua ligação com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), a guerrilha curda da Turquia, e quer acabar com a administração autônoma que as milícias curdas estabeleceram no norte da Síria.