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Sem Lula e com embaixadora brasileira, Maduro toma posse nesta sexta sob esquema militar

Ditador convocou militares e policiais para segurança do evento; eleição é contestada pela oposição, que convocou protestos

Internacional|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

É o terceiro mandato de Maduro Divulgação/Governo Bolivariano da Venezuela - 21.12.2024

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, toma posse nesta sexta-feira (10) e assume o terceiro mandato como presidente do país. Em meio a um resfriamento da relação com o venezuelano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vai à cerimônia, e o Brasil será representado pela embaixadora em Caracas, Gilvânia Maria de Oliveira. O evento terá forte esquema de segurança, com ameaças de protestos pela oposição a Maduro.

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Apesar de a Venezuela ter convidado o Brasil para a posse, o documento não foi enviado especificamente a Lula. Segundo fontes ouvidas pela RECORD, o convite foi recebido na terça (7). O texto chama o corpo diplomático brasileiro para o evento.

Devido ao clima entre os dois políticos, Lula já tinha decidido não ir ao evento, mesmo antes de o convite ser recebido pelo Brasil. Nos bastidores, o presidente marcou posição de não comparecer. O assessor do petista para assuntos internacionais, Celso Amorim, que atuou em mediações durante as eleições venezuelanas, também não deve marcar presença.

Esquema de segurança

Dias antes da posse, Maduro ativou um plano militar e acionou as forças de segurança, além de milícias armadas, para se proteger contra ações da oposição. Nessa quinta-feira (9), a líder opositora María Corina Machado foi detida ao deixar um protesto em Caracas contra a posse do ditador. Ela foi liberada horas depois.


Outro nome do grupo que discorda de Maduro é o liberal Edmundo González — representante do grupo nas eleições de julho que saiu da Venezuela após o presidente emitir mandados de prisão contra ele e se asilou na Espanha.

Perseguido pela ditadura de Maduro, González tem a cabeça a prêmio por US$ 100 mil para quem ajudar a detê-lo. No entanto, o político afirmou que pretende ir à Venezuela e tomar posse como presidente no lugar de Maduro. O opositor garante que contou com o apoio majoritário dos cidadãos nas eleições presidenciais de julho do ano passado.


Em Buenos Aires, no último sábado (4), quando encontrou o presidente argentino, Javier Milei, González afirmou que tem “toda intenção de chegar à Venezuela” na data da mudança de governo. “Minha intenção é ir à Venezuela simplesmente para tomar posse do mandato que os venezuelanos me deram quando me elegeram com 7 milhões de votos para servir como presidente”, declarou.

Relação com Brasil

Maduro e Lula enfrentam um período de afastamento — o último encontro dos dois foi em março do ano passado, na 8ª Cúpula da Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em São Vicente e Granadinas. O estranhamento começou depois do pleito presidencial da Venezuela. O ditador diz ter derrotado González.


Maduro, no entanto, não apresentou as atas eleitorais, que contêm as informações sobre as urnas de cada seção de voto. Sem os dados, o Brasil não reconheceu nem refutou a suposta reeleição do ditador.

Pouco antes do pleito venezuelano, Lula criticou a fala de Maduro ao ameaçar um “banho de sangue” e pediu respeito à democracia. Na sequência, o venezuelano, sem citar o brasileiro, indagou como o resultado não seria respeitado, se iria vencer.

Em novembro do ano passado, em meio às tensões entre Brasil e Venezuela, a Polícia Nacional Bolivariana, comandada pelo regime de Maduro, publicou uma imagem com a silhueta de Lula, a bandeira do Brasil e a seguinte frase: “Quem mexe com a Venezuela se dá mal”. Apesar de não mencionar o petista diretamente, a publicação foi apagada.

Mesmo sem reconhecer nem refutar a vitória do ditador, Lula chegou a dizer, poucos dias depois do pleito venezuelano, que não há nada “grave” nem “anormal” no processo eleitoral venezuelano. O brasileiro cobrou publicamente, no entanto, a divulgação das atas eleitorais.

“Tem uma briga, como que vai resolver essa briga? Apresenta a ata. Se a ata tiver dúvida entre a oposição e a situação, a oposição entra com recurso e vai esperar na Justiça tomar o processo, e aí vai ter uma decisão, que a gente tem que acatar. Eu estou convencido de que é um processo normal, tranquilo. O que precisa é que as pessoas que não concordam tem o direito de se expressar e provar que não concordam e o governo tem o direito de provar que está certo. Na hora que tiver apresentado as atas e for consagrada que a ata é verdadeira, todos nós temos a obrigação de reconhecer o resultado eleitoral na Venezuela”, defendeu Lula, à época.

A vitória do ditador foi confirmada com a apuração dos votos e pelo Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela, sob críticas da oposição de falta de transparência. Partidos contrários a Maduro apontaram interferência em candidaturas e rejeitaram a vitória do presidente. Apesar das posições, Maduro seguirá no comando do país por mais seis anos. Ele está no cargo desde 2013.

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