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Tensão: entenda o que é a Zona Desmilitarizada, faixa terrestre que separa as duas Coreias

Área delimitada em 1953 é rodeada de cercas elétricas e arame farpado e abriga instalações militares dos dois países

Internacional|Sofia Pilagallo, do R7


Soldados fazem guarda na Zona Desmilitarizada
Soldados fazem guarda na Zona Desmilitarizada

Um soldado americano que fazia uma visita turística à Zona Desmilitarizada, faixa de terra que separa as duas Coreias, ultrapassou o limite da fronteira entre os países e entrou, sem permissão, em território norte-coreano, na terça-feira (18). Ainda não está claro o que o motivou a fazer isso. Acredita-se que o homem, identificado como o soldado raso de 2ª classe Travis King, esteja sob custódia da Coreia do Norte.

A Zona Desmilitarizada consiste em uma faixa de terra, rodeada de cercas elétricas e arame farpado, onde há instalações militares da Coreia do Sul e da Coreia do Norte, que ficam de frente uma para a outra. A área não é essencialmente turística, mas tornou-se popular e recebe centenas de visitantes todos os dias, do lado sul-coreano.

O local foi criado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1953, ano em que a guerra das Coreias terminou — ou, mais precisamente, ano em que ambas as partes concordaram com um cessar-fogo. Apesar de o conflito não ter tido continuidade declaradamente, ainda há muita tensão e hostilidade entre as Coreias. "A Zona Desmilitarizada representa o símbolo dessa tensão", segundo o professor de Relações Internacionais James Onnig, da Facamp (Faculdades de Campinas).

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Duas características do território, em especial, chamam atenção do público: o fato de ele representar um perigo iminente aos visitantes e ser o último com resquícios da Guerra Fria, período de tensão geopolítica entre a União Soviética e os Estados Unidos.


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A entrada na Zona Desmilitarizada requer um protocolo rígido. De acordo com a professora de Relações Internacionais Ana Carolina Marson, da Universidade São Judas Tadeu, a pessoa deve assinar um documento em que afirma estar ciente de todos os perigos envolvidos, com "possibilidade de lesão ou morte".

Tensão regional

Os especialistas explicam que a tensão na área — não só na Zona Desmilitarizada, mas em todo o entorno regional — pode ser explicada também pelo programa de mísseis nucleares da Coreia, que é muito condenado por todos os países vizinhos, principalmente a Coreia do Sul e o Japão.


No último dia 12 de julho, a Coreia do Norte disparou um novo míssil balístico intercontinental de longo alcance, que percorreu 1.000 quilômetros e caiu no Mar do Leste, próximo ao Japão. Para Ana Carolina, "os testes representam uma demonstração de força de Kim Jong-un perante o cenário internacional".

Um fator de tensão importante é que a Coreia do Sul, país capitalista, é grande aliada dos Estados Unidos, e há centenas de soldados dos EUA em território sul-coreano. Como o soldado que cruzou a fronteira na terça-feira é americano, James Onnig defende que ele está mais vulnerável nas mãos das autoridades norte-coreanas, podendo sofrer "as mais graves punições".

Ultrapassagem é rara

Esta não é a primeira vez que uma pessoa dentro da Zona Militarizada ultrapassou a fronteira e foi detida em território norte-coreano, mas incidentes desse tipo são raros. A última vez que isso aconteceu foi em 2018, com Bryon Lowrance, um americano de 60 anos. Ele foi libertado um mês depois de ter sido preso.

Autoridades dos Estados Unidos sugeriram que a atitude pode ter sido um esforço diplomático do líder norte-coreano Kim Jong-un para melhorar as relações com o então presidente dos EUA, Donald Trump, com quem ele mantém uma curiosa relação de amizade, apesar das diferenças ideológicas. Em 2019, Trump se reuniu com Kim Jong-un na Zona Desmilitarizada, quando cruzou a linha de demarcação e entrou em território norte-coreano.

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