Trudeau exige responsabilidade da igreja por internatos indígenas
Primeiro-ministro do Canadá quer desculpas e registros de escolas com a Kamloops, onde restos de 215 crianças foram achados
Internacional|Do R7
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, pediu nesta sexta-feira (4) à Igreja Católica que ela "assuma a responsabilidade" e publique os registros sobre os internatos indígenas sob sua direção, onde foram descobertos recentemente os restos de 215 crianças em túmulos sem identificação.
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Trudeau advertiu em uma coletiva de imprensa que seu governo está preparado para tomar "medidas mais fortes", possivelmente incluindo ações legais, para obter os documentos exigidos pelas famílias das vítimas, caso a igreja não cumpra esse pedido.
"Como católico, estou profundamente decepcionado com o posicionamento que a Igreja Católica tomou agora e durante os últimos anos", disse Trudeau.
Desculpas e registros
O Canadá foi abalado pela localização dos restos das crianças na Escola Residencial Indígena Kamloops, na província de British Columbia, especialmente porque apenas 50 mortes foram registradas oficialmente no local.
A escola, que funcionou de 1890 a 1969, foi o maior dos 139 internatos criados há mais de um século para assimilar à força os povos indígenas do país. Cerca de 150 mil crianças indígenas, mestiças e esquimós foram colocados à força nessas instituições.
Diante dos repórteres, Trudeau relembrou uma viagem que fez ao Vaticano em maio de 2017, durante a qual buscou uma desculpa formal do Papa Francisco pelos abusos contra os estudantes, assim como acesso aos registros da igreja canadense para ajudar a esclarecer os destinos de mais de 4,1 mil estudantes que se acredita terem morrido por doenças ou desnutrição.
"Ainda estamos vendo resistência por parte da Igreja", acrescentou Trudeau.
Quando foi perguntado se o governo poderia obrigar a divulgação dos dados, o primeiro-ministro respondeu: "Acredito que sim, se for necessário, tomaremos medidas mais fortes".
Mesmo assim, ele afirmou que "antes que precisemos começar a levar a Igreja Católica aos tribunais, tenho muitas esperanças de que os líderes religiosos entendam que esse é um processo do qual eles precisam participar".