A Ucrânia está apostando em tecnologia de ponta para enfrentar os bombardeios aéreos da Rússia. Engenheiros do país desenvolveram o Sky Sentinel, um sistema de defesa autônomo capaz de detectar e abater drones e mísseis com precisão. Controlado por inteligência artificial, o canhão já foi testado em combate e representa uma resposta direta ao aumento de bombardeios contra cidades ucranianas em 2025.Embora se pareça com uma torreta comum, o Sky Sentinel é uma arma sofisticada. Equipado com uma metralhadora pesada, o sistema possui rotação completa de 360 graus e consegue rastrear alvos pequenos e velozes, como os drones Shahed-136, amplamente utilizados pelo Kremlin. Em testes, o canhão foi capaz de atingir alvos até cinco vezes menores que um Shahed e já derrubou mísseis de cruzeiro em situações reais. Sua principal característica é a autonomia. Basta que a torre seja conectada a dados de radar para que ela detecte, trave, rastreie e elimine ameaças sem qualquer intervenção humana.Cada etapa do processo é realizada em tempo real. O sistema diferencia um pássaro de um drone, calcula a velocidade do alvo, considera fatores como vento e recuo da arma e dispara no exato ponto de impacto. A precisão depende de cálculos balísticos complexos e da eliminação total de folgas mecânicas na estrutura. Segundo os engenheiros responsáveis, até um deslocamento de um milímetro nos mecanismos da torre pode causar um erro de dezenas de metros no disparo. Isso levou a equipe a desenvolver uma plataforma móvel com “jogo mecânico zero”, mesmo sob rotação total e sob o impacto do recuo.A engenharia do Sky Sentinel foi inteiramente desenvolvida na Ucrânia. O software que comanda os cálculos balísticos também é ucraniano. A torre usa munição convencional, o que reduz os custos e torna o sistema mais acessível. Os únicos componentes importados são os sensores e sistemas ópticos de segmentação, ainda sem alternativas viáveis no país. Durante os testes, o sistema demonstrou ser capaz de manter um bloqueio visual constante no alvo até o momento exato do disparo, sem atrasos de software ou falhas na coordenação dos subsistemas.O Sky Sentinel surgiu como resposta à escalada de ataques com drones iniciada pela Rússia desde fevereiro de 2022. Segundo o governo ucraniano, mais de 45 mil drones de ataque já foram lançados contra o território ucraniano desde o início do conflito. Os Shahed, de origem iraniana, são os mais utilizados. Carregados com explosivos e relativamente baratos, são disparados em grande número para atingir infraestrutura civil, instalações de energia e áreas residenciais. A média diária ultrapassa 100 drones no espaço aéreo ucraniano. Muitas vezes, os ataques são combinados com mísseis de cruzeiro para sobrecarregar os sistemas de defesa existentes. Mesmo com o suporte de equipamentos ocidentais e equipes especializadas, o escudo aéreo da Ucrânia vem sendo pressionado.Para viabilizar a produção em escala do Sky Sentinel, a plataforma oficial do governo ucraniano, United24 Media, lançou uma campanha de arrecadação internacional. O projeto foi batizado de “arrecadação para noites tranquilas”, em alusão aos bombardeios noturnos que afetam a população civil e caracterizaram o conflito. O objetivo é reunir US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 8,5 milhões) para construir dez torres. Até agora, já foram arrecadados pouco menos de 20% do valor necessário, com US$ 290 mil (R$ 1,6 milhão) à disposição do governo ucraniano. A expectativa é fabricar dezenas de unidades por mês, mesmo com os desafios técnicos da produção em larga escala. Cada torre custa cerca de US$ 150 mil, valor significativamente inferior ao de mísseis interceptadores tradicionais.“Proteger efetivamente uma cidade exigiria de 10 a 30 torres, o que ainda é mais barato do que um único míssil interceptador de muitos sistemas tradicionais de defesa aérea. E com cada Shahed-136 estimado em cerca de US$ 100 mil, o Sky Sentinel oferece uma resposta econômica para uma ameaça implacável”, afirma Kiev. Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp