Ucrânia aposta em lançador de rede que ‘cabe no bolso’ para abater drones russos; veja
Empresa de defesa ucraniana investe em dispositivo que usa rede para capturar drones em combates de curta distância
Internacional|Do R7
A guerra na Ucrânia tem impulsionado inovações tecnológicas para enfrentar ameaças aéreas, especialmente os drones russos. Um dos mais recentes exemplos é o MITLA, um lançador de rede antidrones desenvolvido por uma empresa de defesa ucraniana.
Leve, compacto e descartável, o dispositivo foi projetado para ser uma solução prática e acessível para soldados na linha de frente, segundo a United24 Media, plataforma de notícias do governo ucraniano.
O MITLA pesa apenas 365g e tem dimensões reduzidas — 20 cm de altura e 40 mm de diâmetro —, o que permite que os soldados guardem-no facilmente em um bolso, bolsa ou mochila.
Segundo a TENETA, empresa fabricante, o lançador é ideal para combater drones FPV (de visão em primeira pessoa) e quadricópteros de reconhecimento, que têm sido amplamente utilizados pela Rússia.
Os ataques aéreos russos se intensificaram desde que drones furtivos ucranianos destruíram uma parte significativa da frota de bombardeiros de Vladimir Putin, no dia 1º de junho.
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O funcionamento do MITLA é simples e não depende de energia externa ou configurações complexas. O soldado aponta o dispositivo na direção do drone e dispara, liberando uma rede de 3,5 por 3,5 metros que enreda os rotores do aparelho em pleno voo. O alcance efetivo é de até 25 metros.
Estratégia de defesa em camadas
Além do MITLA, a Ucrânia tem investido em outras soluções antidrones. O cluster de defesa Brave1, por exemplo, desenvolveu uma munição antidrones para fuzis de infantaria padrão, segundo o governo ucraniano.
Esses projéteis, semelhantes a cartuchos comuns de 5,45 mm, fragmentam-se no ar, aumentando as chances de atingir drones FPV em alta velocidade. Já em uso pelas forças ucranianas, a munição faz parte de uma estratégia de defesa em camadas, que combina diferentes tecnologias para proteger as tropas e posições estratégicas.
Em junho, as Forças de Defesa da Ucrânia abateram 268 drones russos, avaliados ao todo em US$ 27 milhões (cerca de R$ 148 milhões), utilizando interceptadores de baixo custo, que valem, cada um, apenas US$ 1.700 (R$ 9.300).
Os interceptadores, chamados Taras-P, são fabricados pela própria Ucrânia. Eles podem permanecer no ar por mais de uma hora, atingir velocidades de 160 km/h e operar a até 6.000 metros de altitude, com um alcance de 35 km.
Segundo a United24 Media, o Taras-P tem se mostrado bastante eficaz contra drones russos de reconhecimento e ataque, como Merlin, ZALA-20, Lancet, Molniya, Skat e o Herbera, que imita o Shahed, de fabricação iraniana.
Antes do uso intensivo desses interceptadores, a alta densidade de drones russos dificultava os movimentos das tropas ucranianas e expunha a logística do país a ataques constantes, de acordo com a United24 Media.
O Taras-P se mostra uma alternativa ainda mais vantajosa na guerra quando se considera o fato de que interceptar drones com sistemas de mísseis tradicionais custa significativamente mais caro.
Segundo o CSIS (Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais), um míssil do sistema de defesa aérea Patriot, que os Estados Unidos vão enviar à Ucrânia, custa mais de US$ 3 milhões (cerca de R$ 16,5 milhões) por unidade.
Para ilustrar a diferença de preço, um único míssil Patriot custa aproximadamente 1.764 vezes mais do que um interceptador Taras-P, o que significa que utilizar mísseis para abater drones possui uma relação custo-benefício altamente desfavorável.
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