Família denuncia desaparecimento de jovem mineiro que se voluntariou para guerra na Ucrânia
Gabriel Pereira, de 21 anos, trabalhava como cobrador de ônibus em Belo Horizonte; colegas que se alistaram junto a ele alegam morte em combate
Minas Gerais|Gabriela Neves*, do R7Minas

A família do belo-horizontino Gabriel Pereira, de 21 anos, denuncia o desaparecimento do jovem, que teria se voluntariado para lutar na Ucrânia contra exércitos russos. No Brasil, o jovem trabalhava como cobrador de ônibus em Belo Horizonte. Gabriel teria largado o emprego e pagado a viagem, ofertada por cerca de R$ 3.000, com dinheiro do próprio bolso. Em março de 2025, ele teria desembarcado em Varsóvia, na Polônia, e seguiu para Kiev, capital da Ucrânia, para cumprir protocolos burocráticos junto ao exército. De lá, já foi enviado a missões de combate. Desde o dia 18 de julho, ele não entra mais em contato com a família.
RESUMO DA NOTÍCIA
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“Foi no dia 21 de julho que um amigo dele, que também está lá na guerra, me ligou dizendo que meu irmão havia morrido. Ele disse que me avisaria se algo acontecesse, e foi o que fez”, contou João Victor, irmão de Gabriel.
Apesar do relato, o governo ucraniano ainda não confirmou oficialmente a morte. A embaixada da Ucrânia enviou um e-mail à família informando que o jovem está desaparecido. Segundo os familiares, Gabriel estaria em território dominado pelas tropas russas, o que estaria dificultando o resgate.
“Temos o nome dos soldados que estavam com ele, a localização onde ele teria sido atingido, mas não temos nenhum documento oficial. O governo ucraniano não nos dá resposta”, desabafa João Victor.
Uma foto na trincheira, com o braço quebrado, é o último registro de Gabriel com vida. Ele morava com a mãe, em Belo Horizonte, e concluiu o serviço militar obrigatório no Brasil em 2023. Nenhum dos irmãos sabia da viagem até ele já estar na Ucrânia.
A família acredita que Gabriel tenha sido influenciado por sites de recrutamento para estrangeiros, que prometem salários altos para quem se alistar voluntariamente. “Dentro das páginas do próprio governo da Ucrânia, a promessa era de salários de até R$ 25.000. Achamos que ele se iludiu com isso. Era muito jovem, foi uma decisão impulsiva”, diz Gustavo, outro irmão.
Segundo os parentes, Gabriel teria assinado um contrato com duração de até três anos, em troca de benefícios e materiais adequados. Mas o que ouviam do próprio jovem, e de amigos próximos, era outra realidade: falta de assistência, estrutura precária e abandono.
Desde o suposto combate que teria tirado a vida do brasileiro, todas as informações chegaram à família apenas por colegas que estão na linha de frente. O maior medo agora é que, sem um atestado de óbito ou reconhecimento oficial, o corpo de Gabriel jamais retorne ao Brasil.
“Eles podem simplesmente alegar que ele está desaparecido e, depois de 45 dias, deixar de ter responsabilidade sobre o corpo. A gente quer uma resposta, um mínimo de dignidade pra ele e pra nossa família”, pede Gustavo.
*Sob supervisão de Tulio Melo
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