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Acusado de assediar pacientes em MG, médico já foi Bombeiro e condenado por furtar colegas

Jânio Cândido Rosa Júnior foi expulso do Corpo de Bombeiros; ele teria furtado cartões de banco dentro do batalhão

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7


O médico Jânio Cândido Rosa Júnior é suspeito de crimes sexuais contra pacientes
O médico Jânio Cândido Rosa Júnior é suspeito de crimes sexuais contra pacientes Reprodução / Facebook

O médico de 37 anos apontado como autor de uma série de crimes sexuais contra pacientes em Minas Gerais tem passagens pela polícia por outros crimes. Jânio Cândido Rosa Júnior já foi condenado por dois furtos qualificados. Os delitos foram cometidos em março de 2012, quando ele era soldado do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.

Os crimes, segundo o Corpo de Bombeiros, constam no procedimento administrativo que terminou com a exoneração de Rosa Júnior do cargo, em 2014. Os delitos ocorreram antes de Rosa Júnior se formar em medicina, em uma universidade particular do interior de São Paulo.

Os furtos foram julgados pelo TJMMG (Tribunal de Justiça Militar de Minas Gerais). O R7 teve acesso a trechos do processo. Os documentos indicam que as vítimas foram outros dois bombeiros que trabalhavam com Rosa Júnior na 2ª Companhia do Corpo de Bombeiros de Passos, a 352 km de Belo Horizonte, no sul do estado.


A denúncia apontou que Rosa Júnior abriu os pertences dos colegas, pegou os cartões bancários deles e os repassou ao seu então namorado. Em seguida, o parceiro teria feito saques de R$ 500 e R$ 300 e devolvido os cartões ao bombeiro, que foi responsável por colocar o material no mesmo lugar de onde havia retirado.

Rosa Júnior recorreu da condenação e o então namorado dele chegou a assumir a responsabilidade pelo ato. Decisões tanto do TJMMG e do STJ (Superior Tribunal de Justiça) negaram os recursos e questionaram as versões apresentadas por eles.


“Só não conseguiu convencer como entrou e saiu do alojamento dos militares, já que todos os militares são unânimes em afirmar que o acesso não era permitido para pessoas civis e estranhas ao aquartelamento, em virtude da relação de confiança existente entre os colegas de farda”, escreveu o juiz coronel Rúbio Paulino Coelho ao refutar a tese de que o companheiro do bombeiro agiu sozinho.

Uma testemunha relatou no processo que viu Rosa Júnior e o namorado conversando em frente ao batalhão, duas vezes, na noite de um dos furtos. Os encontros teriam acontecido dentro de um intervalo de aproximadamente uma hora. O primeiro teria sido antes de ocorrer o saque bancário e o segundo após a retirada do dinheiro.


“Nas filmagens contidas no vídeo que acompanha estes autos, aparece a imagem inconfundível [do então namorado do bombeiro] junto aos caixas eletrônicos, inclusive com o horário em que os saques foram realizados”, indica trecho do documento.

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O processo ainda aponta que o então bombeiro procurou umas das vítimas “por diversas vezes” pedindo que “retirasse a representação feita à polícia, inclusive ofertando a devolução do numerário furtado”.

“O fato de Jânio ser homossexual declarado e negro não significa, como afirmou a combativa e competente Defensora Pública, que houve preconceito e interesse na demissão do mesmo das fileiras do Corpo de Bombeiros Militar, nem que houvesse condenação para a manutenção da exclusão, pois considero o trabalho desenvolvido pelo Conselho Permanente de Justiça da 3ª AJME como isento e dentro dos padrões de seriedade que imperam nesta justiça especializada”, completou o juiz ao manter a condenação.

A pena imposta foi de dois anos e quatro meses de reclusão, em regime aberto, que foi substituída por pena privativa de direitos.

A reportagem tenta localizar a defesa de Jânio Cândido Rosa Júnior. Ele é procurado pela polícia devido a investigações de crimes sexuais contra pacientes em Minas Gerais.

Histórico de crimes sexuais

A acusação mais recente contra Jânio Cândido Rosa Júnior foi registrada na última sexta-feira (12). O denunciante é um jovem de 22 anos, morador de Santa Luzia, na região metropolitana de Belo Horizonte.

O homem relatou à PM (Polícia Militar) que foi abusado pelo ex-bombeiro e agora médico durante uma consulta na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da cidade. O profissional teria apalpado os órgãos genitais dele enquanto aplicava uma suposta pomada para dores nas pernas.

Após a divulgação do caso, o R7 revelou que Rosa Júnior é apontado como autor de crimes sexuais contra pacientes de ao menos outras quatro cidades mineiras. São elas: Divinópolis, São Sebastião do Oeste, Nova Serrana e Carmo do Cajuru, todas do centro-oeste do estado.

O médico chegou a ficar preso em Nova Serrana, entre outubro e dezembro de 2023, onde foi indiciado pela Polícia Civil por assediar ao menos três homens nos hospitais. Uma das vítimas na cidade é um carpinteiro de 39 anos, que buscou atendimento médico com dores na coluna e também teve os órgãos genitais apalpados.

“O investigado é apontado como sendo autor de crimes de acentuada gravidade, uma vez que os policiais identificaram uma similitude muito grande no modus operandi para praticar os abusos, por ser bem parecida a maneira como expõe as vítimas, e o método de fazer as vítimas crerem que estavam sendo submetidas a um procedimento adequado, enquanto estavam sendo tocados os seus órgãos genitais de forma libidinosa”, diz trecho do inquérito.

Após ser confrontado pelo paciente de Santa Luzia, o médico fugiu antes da chegada da Polícia Militar, deixando até o próprio carro para trás. Ele foi demitido após o caso. Segundo o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), há uma mandado de prisão em aberto contra Jânio Cândido Rosa Júnior desde janeiro de 2024.

Em nota, o CRM-MG (Conselho Regional de Medicina em Minas Gerais) informou que “todas as denúncias recebidas, formais e de ofício, são apuradas, sendo respeitada a ampla defesa, o contraditório, o devido processo legal e a independência das instâncias. Todos os procedimentos tramitam sob sigilo, conforme previsto no Código de Processo Ético-Profissional”.

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