Após perder os pais para covid, filha de quilombolas é vítima da doença
Maria Vieira, de 65 anos, morreu menos de 15 dias após os pais que eram líderes da comunidade localizada em Contagem (MG)
Minas Gerais|Pablo Nascimento e Célio Ribeiro*, do R7
Após perder os pais para a covid-19, a filha dos líderes da Comunidade Quilombola dos Arturos, Maria Antônia Vieira, de 65 anos, morreu vítima do novo coronavírus nesta quarta-feira (19).
O pai dela, Mário Brás da Luz, era patriarca da comunidade localizada em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Ele morreu no dia 6 de maio, aos 88 anos. Seis dias depois, a mulher dele e matriarca da comunidade, Maria Auxiliadora da Luz, faleceu aos 84 anos.
De acordo com a Prefeitura de Contagem, os pais de Maria Antônia Vieira não haviam sido imunizados contra a covid-19 pois estavam sintomáticos e a vacina só poderia ser aplicada passados 14 dias do fim dos sintomas.
Por uma rede social, integrantes da comunidade fizeram homenagens à Maria Antônia Vieira, também conhecida como ‘Tia Totonha’. Em uma das homenagens, uma internauta afirma que Maria será “recebida por Deus de braços abertos” e que “o quilombo está chorando mais uma vez”.
Além dessas três vítimas, pelo menos outros três integrantes da comunidade quilombola já morreram por complicações causadas pela covid-19. Quase 50 casos já foram confirmados no grupo.
Comunidade dos Arturos
Fundada no século 19, a Comunidade Quilombola dos Arturos é formada por cerca de 500 descendentes de Arthur Camilo Silvério, um filho de escravos. O patriarca mais recente da comunidade, Mário da Luz foi casado com Dona Dodora por 65 anos. O casal teve 5 filhos, 12 netos e 12 bisnetos.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Pablo Nascimento.