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Após três anos, vítimas da Backer vivem com sequelas e aguardam julgamento

Intoxicados e familiares aguardam a Justiça determinar o valor da indenização; empresa diz que dá a assistência necessária

Minas Gerais|Gisele Ramos e Bruno Menezes, da Record TV Minas

Esposa de Luiz Felippe ajudou a desvendar a origem das intoxicações
Esposa de Luiz Felippe ajudou a desvendar a origem das intoxicações

O início das investigações sobre as intoxicações causadas pela cerveja Belorizontina, da Backer, completa três anos nesta sexta-feira (6). Passado este período, sobreviventes enfrentam os desafios das sequelas deixadas pelas contaminações, enquanto aguardam o julgamento dos réus, que ainda não ocorreu.

O engenheiro Luiz Felippe Ribeiro ainda tem frescas as memórias do início dos sintomas. Tudo aconteceu após um churrasco de fim de ano.

“Tive vômito, diarreia e comecei a ter febre também. No segundo dia, fui para o hospital. O médico que me atendeu achou que poderia ser alguma infecção. Voltei para casa. No terceiro dia, fui para o hospital novamente, porque os sintomas não haviam passado. De lá, só saí cinco meses depois, ficando 82 dias de coma”, relata.

Desde o início dos sintomas, Ribeiro só conseguiu voltar a trabalhar em agosto do ano passado. “Atualmente tenho paralisia facial. Eu só tenho 50% da função renal. Eu tenho dificuldade de locomoção, então utilizo órtese nas duas pernas. Eu tenho dificuldade de movimentação dos dedos. Minha mão não fecha direito. Não consigo digitar ou fazer a pinça com objetos. A principal é a perda auditiva de 100%. Atualmente, eu escuto através de aparelhos. Eu fiz um procedimento de implante coclear”, comenta.


O sogro de Ribeiro, que também consumiu a mesma cerveja, passou mal e não resistiu. Com a morte do pai, a esposa de Luiz não sossegou até descobrir o que tinha acontecido. Foi graças a ela e à mulher de uma outra vítima que o caso começou a ser esclarecido. As duas investigaram quais produtos semelhantes os maridos haviam consumido, identificando a cerveja.

Vinte e nove pessoas foram vítimas da intoxicação pelo anticongelante dietilenoglicol, que estava na bebida, segundo apontou a perícia, devido a um furo nos tanques de produção. Dez pessoas morreram.


O MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) denunciou, em setembro de 2020, 11 pessoas por algum tipo de responsabilidade e relação com o caso. Entre elas, sócios e diretores da cervejaria. Um dos réus, que era responsável técnica pela fábrica, morreu vítima de um AVC (acidente vascular cerebral) em setembro de 2020.

A última grande movimentação do caso foi em maio do ano passado, quando foram realizadas audiências de instrução. Na data, 23 testemunhas e quatro vítimas foram ouvidas. Atualmente, o processo está na fase de perícia, com análise de provas, tanques, contabilidade e outros documentos. Ainda não há previsão para retomada do julgamento do caso.


“Estamos há três anos no processo da Backer. É um tempo significativo. Isso nos deixa ansiosos e apreensivos. Tanto eu quanto minha família. Não apenas nós. Todas as vítimas. É um sentimento comum”, disse o professor Cristiano Gomes, uma das vítimas que tiveram sequelas. Ele precisou receber um transplante de rim, doado pela esposa.

Resposta

Em nota, a Backer declarou que está seguindo o acordo que prevê assistência médica às vítimas. A empresa ainda destacou a criação de um fundo usado pelas vítimas e familiares.

“Esse fundo destina-se ao pagamento das obrigações de custeio de necessidades das pessoas que sofreram as consequências diretas do acidente, além dos valores das indenizações, conforme restar definido nos procedimentos de mediação”, explicou.

“Não é possível estimar o prazo para pagamento das indenizações. O fundo criado para o pagamento das indenizações será constituído de valores provenientes de parcela do faturamento da empresa e do valor correspondente a imóveis que integram um loteamento. As variáveis de faturamento e valorização dos imóveis impactarão objetivamente no prazo para pagamento. Mas todos os esforços estarão concentrados em liquidar esses passivos o quanto antes”, concluiu o texto.

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