Comerciantes temem "más notícias" sobre flexibilização em BH
Prefeito Alexandre Kalil convocou reunião para fazer um balanço sobre as duas primeiras fases da reabertura; processo terá até quatro etapas
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Esta sexta-feira (12) amanheceu com clima de incerteza entre os comerciantes de Belo Horizonte, que estão ansiosos sobre o futuro da flexibilização do isolamento social da cidade.
Uma semana após liberar a segunda fase da retomada econômica que deve ser dividida em até quatro etapas, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) convocou uma reunião para esta tarde, onde irá anunciar como será o funcionamento das lojas nos próximos dias. Entre os comerciantes ouvidos pela reportagem, o clima é de temor por "más notícias".
O empresário Nadim Donato, presidente do Sindlojas (Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte), diz que os membros da categoria estão "nervosos". A tensão é provocada, principalmente, pelo crescimento de infecções por coronavírus registrado tanto em BH, quanto nas cidades vizinhas.
A presença do prefeito no encontro colabora para o sinal de alerta, uma vez que quando foi preciso fazer uma pausa no processo de flexibilização, Kalil disse que sua participação "não era um bom sinal". As demais coletivas foram todas coordenadas pelos secretários.
Nadim afirma que a situação preocupa tanto os empreendedores que voltaram a trabalhar, quanto aqueles que seguem fechados desde 22 de março, já que a prefeitura ainda não liberou as lojas de departamento e de vestuário que, segundo o sindicalista, representam 30% da categoria.
— As expectativas não são boas. O pior que estamos aguardando é ter uma pausa, mas recuar, jamais. Estamos apoiando o plano de reabertura da prefeitura desde o início e fazemos de tudo para que a situação fique dentro do controle.
Reabertura em BH
Desde o início do processo flexibilização, Kalil deixou claro que só iria manter os estabelecimentos abertos na cidade caso o ritmo de proliferação do coronavírus estivesse controlado, assim como a quantidade de leitos hospitalares disponível. Um ligeiro aumento de casos fez a prefeitura esperar sete dias para liberar a segunda fase de reabertura, anunciada na última sexta-feira (5).
Atualmente, podem abrir shoppings populares, salões de beleza, comércio varejista de móveis, artigos domésticos, de cama, mesa e banho, tecidos, calçados, atigos esportivos, de viagens, distribuidoras de bebidas, entre outros. Todos devem seguir regras de segurança específicas.
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Segundo dados da prefeitura, aproximadamente 92% dos trabalhadores da capital mineira já estão de volta ao batente. São quase 20 mil empreendimentos de portas abertas.
Após o encontro da última sexta-feira, o secretário Municipal de Saúde, Jakson Machado, disse que iria conversar com outros setores para avaliar o que seria possível acrescentar na lista. Mesmo assim, o representante da prefeitura alertou que a decisão seria tomada com cautela.
— Se a gente pudesse, abriria tudo. Estou doido para abrir restaurante, bar, escola. Se pudesse, abria tudo, mas isso não é possível.
Segundo a SES (Secretaria de Estado de Saúde), até esta quinta-feira (11), BH tinha 2.853 moradores infectados com o novo coronavírus e 66 mortes provocadas pela doença. A capital é a cidade de Minas com mais casos confirmados.