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CPI: servidores da saúde estavam em "home office" após vacina

Ex-assessor de comunicação confirmou participação em reunião gravada que sugeria servidores a voltarem para trabalho presencial

Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7

Ex-chefe da comunicação prestou depoimento
Ex-chefe da comunicação prestou depoimento

Ao menos dois servidores da assessoria de comunicação da SES-MG (Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais) estavam trabalhando de forma remota, mesmo após terem tomado a primeira dose da vacina contra a covid-19.

A informação foi confirmada pelo ex-assessor chefe de comunicação da pasta, Everton Luiz Lemos de Souza, durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Fura-fila, que investiga o processo de vacinação de servidores da saúde de Minas Gerais, nesta quinta-feira (29). A imunização de servidores fora dos grupos prioritários foi revelada em reportagem do R7, em 8 de março deste ano.

Veja: MG abre processo contra três servidores por vacinação irregular

Durante a sessão, o ex-servidor confirmou que participou de uma reunião com o então chefe de gabinete da pasta, João Pinho, e outros três servidores. O áudio da reunião, que vazou, sugere que os servidores, que estavam trabalhando em home office, estavam sendo orientados a voltar ao trabalho presencial para evitar questionamentos do Ministério Público.


De acordo com Everton, a reunião foi marcada depois que ele recebeu um ofício do MP pedindo para que fosse enviada uma lista com nomes de servidores da assessoria de comunicação que foram vacinados contra a covid-19. 

Segundo ele, foi constatado que dois funcionários, que já tinham sido vacinados, estavam em regime de teletrabalho. 


— A reunião foi para comunicar aos servidores que eles retomariam o trabalho presencial. Dos 15 servidores que haviam sido vacinados, dois estavam em teletrabalho.

Após o vazamento do áudio, tanto Everton como João Pinho foram exonerados.


Gravação

Em um trecho do áudio, um homem que se apresenta como o chefe de gabinete explica que a preocupação surgiu enquanto respondia a um ofício sobre as investigações do possível caso de fura-filas na secretaria.

Não fica claro na gravação se a resposta seria enviada à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia de Minas ou ao Ministério Público Estadual, que apuram as denúncias.

[A resposta] "fala que dois trabalhadores mantêm regime de teletrabalho. Ela tenta explicar que é de forma escalonada, por vezes presencial, mas a minha opinião, quando leio isso no cenário que vivemos, acho que tem uma chance muito grande de vocês dois serem expostos por causa da forma como está colocado aqui", diz uma pessoa identificada como sendo o chefe de gabinete.

Depoimento remarcado

O ex-chefe de gabinete da SES-MG, João Pinho, teve o depoimento remarcado para a próxima segunda-feira (3), às 14 horas. A CPI acatou pedido feito pelos seus advogados para que a sessão fosse adiada para que ele pudesse ter mais tempo para analisar a documentação. 

Leia: Para CPI, ex-secretário de saúde de Minas mentiu na Assembleia

CPI dos Fura-filas

A CPI dos Fura-Fila da Vacinação foi instalada no dia 17 de março, nove dias após o R7 revelar que a pasta teria vacinado servidores fora dos grupos prioritários previstos na campanha de imunização.

Desde então, diversas pessoas prestaram depoimento na comissão, dentre elas a promotora de Justiça Josely Ramos, responsável pela investigação do caso no MP e o presidente do Cosems-MG (Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Minas Gerais), Eduardo Luiz da Silva. 

Além do caso da vacinação dos servidores, a CPI deve investigar, ainda, os investimentos do Estado na saúde, que foram cortados mesmo durante a pandemia de covid-19.

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