"Cruel e desumano": entidade de lojistas critica prefeito de BH
Após Prefeitura de Belo Horizonte confirmar que comércio não essencial segue fechado na capital mineira, CDL-BH divulga nota crítica a Kalil
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
Logo após a Prefeitura de Belo Horizonte confirmar que a capital mineira vai manter somente os comércios essenciais abertos pela sexta semana consecutiva, a CDL-BH (Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte) classificou como "cruel e desumana" a postura do prefeito Alexandre Kalil (PSD).
Em nota, a entidade que representa parte dos lojistas de Belo Horizonte disse que o prefeito "desde o início da pandemia" virou as costas para o comércio e que tomou decisões autoritárias e sem diálogo "com o setor da nossa economia que mais se sacrificou para salvar vidas", se referindo ao comércio e serviços.
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"[Kalil] Tomou decisões arbitrárias e sem coerência até mesmo com a Ciência que ele diz tanto se amparar. Nosso sentimento é de indignação. Porém, a notícia da permanência do comércio fechado e sem previsão para reabertura não é nenhuma surpresa", diz o texto.
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A entidade critica o prefeito que "não cumpriu a sua promessa de abrir leitos - 729 de UTI e 1.752 de enfermaria" em promessa feita em maio.
"Caso a promessa do prefeito tivesse sido cumprida, hoje teríamos 52% de taxa de ocupação nos leitos de UTI e 43% nos de enfermaria, índices que permitiriam a reabertura segura do nosso comércio", critica o texto.
Leitos
As críticas da CDL-BH também atingiram o secretário municipal de saúde, Jackson Machado. Durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (31), o titular da pasta afirmou que a Prefeitura de Belo Horizonte não abriria mais leitos para ficarem "ociosos", assim como não iria comprar leitos de hospitais privados sem que houvesse necessidade.
— A cada 10 leitos abertos, precisamos de 70 pessoas. Não vamos abrir 30 leitos, contratar 210 pessoas, para não serem usados. Temos respeito pelo dinheiro público. Quando forem necessários mais, vamos abrir
Para a CDL, no entanto, essa decisão do Executivo municipal afeta o comércio, que permanece fechado.
"A Prefeitura poderia abrir estes leitos. Mas não investe nessa abertura dos novos leitos e faz a clara opção por manter o comércio fechado. Enfim, a Prefeitura economiza, mas quem paga a conta é o comércio. Somente lembrando, a Prefeitura recebeu mais de R$ 130 milhões do Governo Federal para investir no combate à doença", diz o texto.
A entidade que representa os lojistas ainda encerrou dizendo que chega a ser "desumana e tirânica a postura insensível da Prefeitura diante da quebradeira de milhares de negócios em nossa cidade, diante de milhares de trabalhadores perdendo seus empregos e tantas famílias sem o sustento, passando por necessidades."
A reportagem entrou em contato com a prefeitura, que afirmou que não comentaria a nota divulgada pela CDL-BH.