Diretor da Vale diz que foi alertado sobre falha em dreno de barragem
Silmar Silva, um dos indiciados pela CPI de Brumadinho no Senado, confirmou que técnicos interromperam instalação dos equipamentos
Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7
Em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) de Brumadinho na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o diretor de operações do Corredor Sudeste da Vale, Silmar Silva, confirmou que foi avisado por um funcionário sobre uma falha em dos drenos da barragem 1 da Mina Córrego do Feijão, que se rompeu em 25 de janeiro deste ano.
Segundo ele, a equipe confirmou uma fratura no 15º dreno da estrutura. Os equipamentos foram instalados para diminuir a liquefação da barragem, ou seja, o excesso de água na estrutura. Esse é um dos motivos que pode explicar o rompimento da barragem.
O diretor admitiu que os técnicos decidiram interromper a instalação dos drenos e que não tomaram nenhuma outra atitude.
Leia também
Belo Horizonte pode ter que racionar água a partir de 2020
CPI da barragem de Brumadinho ouve diretor operacional da Vale
ArcelorMittal retira mais 30 famílias da casas próximas a barragem em Itatiaiuçu (MG)
Brumadinho: corpo intacto é encontrado em meio à lama após 5 meses da tragédia
Polícia Civil identifica corpo achado 5 meses após rompimento
— O gerente executivo, que reporta diretamente a mim, me passou mensagem logo cedo, por volta das 6 horas da manhã, por email, dizendo que durante a perfuração do 15º dreno havia tido um carreamento de material e que eles já tinham se deslocado para o campo para tomar ações imediatas. Depois, ele me comunicou que a situação já tinha voltado à normalidade e que os geotécnicos tinham tomado decisão de suspender o processo de perfuração até novas análises.
Silmar Silva é um dos 14 indiciados pela CPI do Senado, cujo relatório final foi aprovado nesta semana.
Nesta quinta-feira (4), a CPI de Brumadinho na Assembleia também aprovou a acareação entre funcionários das áreas operacional e corporativa da Vale. Durante a audiência também foi apresentado um estudo da Universidade Federal de Ouro Preto que, em 2010, já apresentava relatório sobre o excesso de água na barragem da Mina Córrego do Feijão.