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Em Brasília, Governo de Minas defende fim da Lei Kandir

Executivo apresentou proposta para receber R$ 135 bilhões da União nos próximos 60 anos, mas não recebeu resposta do Governo Federal

Minas Gerais|Lucas Pavanelli, do R7

Fórum dos Governadores discutiu revogação da Lei Kandir
Fórum dos Governadores discutiu revogação da Lei Kandir

Uma comissão formada por governadores de Estados exportadores de commodities vai pedir a revogação da Lei Kandir aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e do Senado, Davi Alcolumbre. A legislação, de 1996, isentou do pagamento de ICMS os produtos semielaborados e primários vendidos para fora da exportação. 

A decisão afetou os caixas dos Estados exportadores de commodities, como Minas Gerais, Pará e Rio Grande do Sul. O Governo de Minas, por exemplo, estima que deixou de arrecadar R$ 135 bilhões desde a promulgação da lei. 

Pela proposta que será levada ao Congresso Nacional, os Estados pedem a revisão da Lei e querem que o Legislativo estabeleça percentual mínimo e máximo para a cobrança do ICMS para os setores afetados pela Lei Kandir. Dessa forma, os governos estaduais teriam autonomia para legislar sobre a tributação do imposto, que é estadual. 

"O Brasil se desindustrializou depois da Lei Kandir. A indústria de transformação responde por 13% do PIB brasileiro, o menos índice dos últimos 40 anos. O que cresce aqui é a indústria extrativista. O Brasil deixou de agregar valor aos seus produtos", afirmou em coletiva de imprensa o presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Agostinho Patrus (PV).


Nesta segunda-feira (6), representantes do Executivo, Legislativo e Judiciário mineiros entregaram uma Carta ao governo federal com proposta para que o montante devido pela União seja pago de forma parcelada nos próximos 60 anos. Em contrapartida, a União não apresentou uma proposta, o que frustrou os representantes do Estado. 

Zema se encontrou com ministro Gilmar Mendes
Zema se encontrou com ministro Gilmar Mendes

Para o governador de Minas Romeu Zema (Novo), nada será resolvido neste ano com relação a esse assunto. 


— Minas demanda urgência e precisa desse recurso para ontem. O que nós vimos, infelizmente, contra nossa expectativa, é que muito provavelmente nada será resolvido este ano. A lei assegura que é direito de Minas, mas o problema é que o governo federal não dispõe de recursos para isso. Saímos da reunião sem nada de concreto e efetivo. 

Carta de Minas


No dia 18 de julho, autoridades se reuniram na Assembleia Legislativa para assinarem a Carta de Minas, documento que traz a proposta do Estado para o recebimento da dívida com a União.

Conforme o texto, Minas Gerais dá prazo de 60 anos para receber os R$ 135 bilhões que estima ter deixado de arrecadar desde 2006. Os valores seriam feitos em pagamentos mensais, em 720 parcelas corrigidas pela taxa Selic, que hoje está em 6% ao ano. Quanto às perdas futuras, o Estado abriria mão da metade do montante previsto, para que a União assuma o pagamento.

A Carta de Minas foi assinada pelos chefes dos 3 Poderes (governador, presidente da Assembleia e presidente do Tribunal de Justiça de Minas Gerais), além dos chefes do Ministério Público, Tribunal de Contas, Defensoria Pública e Advocacia-Geral do Estado. Também corroboraram com a proposta os três senadores por Minas, 38 dos 53 deputados federais e todos os 77 deputados estaduais, além de prefeitos e outras lideranças.

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