Em conversa, vereador admite 'rachadinha' para quitar campanha
No diálogo, ex-assessor de Cláudio Duarte (PSL) dizia a ele que prática de devolução dos salários poderia resultar em cassação do mandato
Minas Gerais|Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas
Em conversas com um ex-assessor que trabalhava em seu gabinete na Câmara Municipal de Belo Horizonte, o vereador Cláudio Duarte (PSL), indiciado pela Polícia Civil, admite que a prática de "rachadinha" servia para quitar dívidas de campanha.
Duarte foi indiciado pela Polícia Civil, nesta quarta-feira dia (22), pelos crimes de peculato (desvio de dinheiro público), organização criminosa e obstrução de Justiça por ficar com parte dos salários de funcionários de seu gabinete.
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A Record TV Minas teve acesso a transcrições de diálogos entre o parlamentar e seu assessor, à época. Confira:
Cláudio Duarte - "Escuta aqui, deixa te falar, quem ficou com o ônus todo da campanha fui eu, fui eu, que estou sem carro, entendeu, com dívida até o pescoço, tudo porque, tudo por causa do nosso sonho, que não é meu não, é nosso, entendeu? E aí, eu tenho que pagar sozinho?"
Assessor - "Não é você pagar sozinho, eu pagar sozinho, igual te falei, eu pagar sozinho? Igual eu falei, eu não tô falando que nós vamos mexer no combinado, não. É manter o que nós combinamos, o que não quero é essa covardia porque tá uma bagunça". retrucou o ex-assessor.
Em outro trecho do diálogo, o ex-assessor diz ao vereador que várias pessoas do gabinete estão sabendo sobre a devolução dos salários. Ele alerta que isso pode gerar cassação de mandato.
Assessor - "Virou um rebuliço danado , todo mundo sabendo o que o outro ganha e o que não ganha, o que o outro devolve. Isso dá cassação de mandato sô, tá uma zona".
O parlamentar, por sua vez, demonstra preocupação.
Cláudio Duarte - "E quem é que tá, quem é que tá falando que tá devolvendo dinheiro?".
Assessor - "Eu não vou expor, mas eu vou te falar, 70% da turma, o que eles ficam mais conversando é isso".
Além do vereador, outras sete pessoas foram indiciadas pela Polícia Civil por suspeita de envolvimento com o esquema da rachadinha. Nesta quarta (22), a comissão processante da Câmara aprovou, por três votos a zero, parecer que dá prosseguimento ao processo de cassação por quebra de decoro parlamentar.
A reportagem entrou em contato com o advogado do parlamentar e aguarda resposta.