O número de mortes causadas pela covid-19 entre jovens de Minas Gerais quase dobrou entre os meses de agosto e novembro, segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde.
Em agosto, o Estado contabilizava 37 óbitos de pessoas com idade entre 20 e 29 anos causados em decorrência da contaminação pelo coronavírus. Em três meses, esse número subiu 91%, passando para 71. Entre os cidadãos com idade entre 30 e 39 anos, o número de mortes pela covid-19 passou de 120 para 228, um aumento de 90%.
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Uma das explicações para o aumento destes dados é a realização de várias festas em cidades mineiras. Nesses locais, as medidas de combate à covid-19 não são seguidas à risca pelos frequentadores, mesmo sendo recomendadas por especialistas e, em algumas vezes, até mesmo pelos organizadores dos eventos.
O infectologista Leandro Curi acredita que os brasileiros estão “perdendo o medo” do novo coronavírus, e essa atitude seria ainda mais comum entre os jovens, que, segundo Curi, reagiram de forma errada às flexibilizações.
— Um passeio rápido na rua já serve para a gente ver a quantidade de pessoas sem máscara, próximas uma da outra, como se a pandemia já estivesse acabado. E os jovens também estão envolvidos, é claro. Eu recebi, recentemente, um paciente que estava em um baile funk e, dias depois, apresentou sintomas da covid-19.
Apesar do aumento no número de mortes entre as pessoas mais novas, a doença costuma apresentar sintomas mais leves nestas faixas etárias. Mas, para o infectologista, esse é o principal perigo, já que a pessoa pode estar infectando outras pessoas sem saber.
— Isso está acontecendo, a gente está vendo isso na prática. É só olhar para a taxa de transmissão, que está aumentando. Muito disto é culpa do nosso descuido. As pessoas vão em uma festa, em uma boate, em um bar, contamina a todos em volta e nem sabe disso.
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Em nota, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) informou que esse tipo de comparação deve ser feito em conjunto com o número de óbitos pela covid-19 em geral, e não de forma isolada. A secretaria também alegou que, até o momento, a proporção de mortes nas faixas etárias mais jovens permanece estável.