Estrutura de barragem movimentou 15 mil m² antes de rompimento
Segundo um funcionário da Vale que trabalhava em Brumadinho, o descolamento foi registrado por radares e reportado a superiores da empresa
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7, Gabriel Rodrigues, da Record TV Minas
Um funcionário da Vale relatou a deputados mineiros, nesta terça-feira (1º), que radares identificaram uma movimentação de cerca de 15 mil m² no talude da barragem B1, em Brumadinho, dias antes da estrutura se romper.
A revelação foi feita por Tércio Andrade Costa, operador de radar, durante uma reunião da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que investiga a tragédia. Costa contou, ainda, que enviou aos superiores um e-mail notificando sobre o deslocamento que teria ocorrido no dia 14 de janeiro. A barragem estourou no dia 25 seguinte.
O operador de radar também relatou que no dia 30 de janeiro, cinco dias após o rompimento, o gerente de planejamento Tales Bianchi pediu para que ele entregasse o notebook de trabalho.
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Bianchi foi ouvido pelos deputados logo em seguida. Segundo o gestor, o aparelho foi recolhido para ser entregue à Polícia Federal para ajudar nas investigações sobre o rompimento. De acordo com o funcionário da Vale, a orientação de colaboração foi feita pelo Comitê de Gestão de Crise, do qual ele fazia parte.
Procurada, a Vale informou que o radar estava operando em modo de teste para ser usado no descomissionamento futuro da barragem. A empresa reforçou que segue cooperando com as investigações sobre o rompimento do muro de contenção de rejeitos.
Veja a íntegra da nota da Vale:
"O radar interferométrico era utilizado em conjunto com as demais ferramentas de monitoramento da barragem, sendo um instrumento complementar de verificação de possíveis alterações na deformação da estrutura. O radar estava operando em modo de teste para futura utilização durante o processo de descomissionamento da barragem B1. A orientação era que os resultados apontados pelas ferramentas de monitoramento fossem posteriormente analisados in loco pela inspeção da equipe de geotécnicos para confirmação ou não de anomalias observadas nos instrumentos.
A Vale reforça que segue colaborando proativamente com todas as autoridades que investigam as causas do rompimento da barragem. A empresa tem compartilhado todas as informações disponíveis com as autoridades competentes."