Estudo aponta metais pesados acima do nível ideal no rio Paraopeba
Segundo avaliação inicial, problema pode estar relacionado com o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Um estudo realizado pela Prefeitura de Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, aponta a presença de metais pesados acima do nível ideal na água e no solo da calha do rio Paraopeba, atingido pela lama de rejeitos da barragem da Vale, em 2019.

O levantamento preliminar foi divulgado nesta segunda-feira (21). A pesquisa foi feita em parceria com as prefeituras de Mário Campos, São Joaquim de Bicas e Juatuba, cidades vizinhas também cortadas pelo curso d'água.
"Isso se dá devido à alteração na calha do rio Paraopeba que resultou na inundação e consequente contaminação pelos materiais indicados, que tudo indica ter como origem o rejeito proveniente ao rompimento da barragem", observou Cristiano Silva, coordenador de análises e perícias da Prefeitura de Brumadinho.
Os pesquisadores coletaram as amostras em nove pontos ao longo do rio. Em um dos locais, foi detectada a presença de 0,66 miligrama de manganês por litro de água. O nível aceitável, segundo a prefeitura, é de 0,1, ou seja, 6,6 vezes menor que o registrado.
O estudo também chama atenção para a presença de ferro na água, na proporção de 1,04 miligrama por litro. O número é 3,46 vezes maior que o 0,3 tolerado.
"Acionamos o Ministério Público para, em conjunto, tomarmos as devidas providências. O laudo também orienta as prefeituras a solicitarem informações sobre as medidas que estão sendo tomadas para mitigar os impactos ambientais do rompimento", destacou Silva.
A reportagem procurou a Vale para comentar o estudo e aguarda retorno. Desde o rompimento, a empresa realiza trabalho de limpeza do rio e monitora os índices de contaminação da água.
Estudo complementar
Eduardo Callegari, secretário de Saúde de Brumadinho, informou que a prefeitura completou a pesquisa comparando as informações coletadas com os dados parciais de um estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) ainda não divulgado na íntegra.
O relatório já traz dados de 1.500 das 4.000 pessoas acompanhadas pelos pesquisadores da fundação.
"Vinte e seis por cento das amostras deram alteração", explicou o representante da prefeitura. Callegari informou que o município pediu aos governos federal e estadual R$ 7 milhões para realizar novos exames na população a cada seis meses, para acompanhar a contaminação.
"Esses níveis podem causar intoxicações agudas, doenças renais e até hepáticas. Também podem agravar doenças do paciente, como diabetes e hipertensão", alertou Callegari.