Greve já provoca falta de combustível em postos de BH
Unidades amanheceram com longas filas de veículos; sindicato pede que a população não abasteça sem necessidade
Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7
Postos de combustíveis de Belo Horizonte já registram, nesta sexta-feira (22), estoque zerado em razão da greve dos transportadores iniciada ontem.
Estabelecimentos das avenidas Carlos Luz, na região noroeste, e Cristiano Machado, na região nordeste, e do bairro Barro Preto, na regional centro-sul, só tinham etanol disponível para os clientes nas primeiras horas do dia.
Longas filas de veículos se formaram próximo a postos em diversas regiões da cidade. Segundo o MinasPetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais), os problemas também são registrados em outras regiões do estado.
"Com a paralisação, todas as regiões do estado estão sendo prejudicadas, impactando fortemente o abastecimento de Minas Gerais, tendo em vista que a base de Betim é estratégica para a distribuição de combustíveis estadual", declarou a instituição em nota.
Desde esta quinta, parte da categoria parou os caminhões e se mobilizou em frente das principais distribuidoras de combustível de Minas Gerais, entre elas a de Betim, na região metropolitana. O grupo se manifesta contra o valor do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços) dos combustíveis no estado e "os altos custos dos combustíveis praticados pela Petrobras”.
"Não aguentamos mais as altas do combustível. O óleo diesel está representando quase 70% do valor do frete. As transportadoras estão quebrando", explicou Irani Gomes, presidente do SindiTanque (Sindicato das Empresas Transportadoras de Combustível e Derivados de Petróleo de Minas Gerais).
Para reduzir os impactos do desabastecimento, a PM (Polícia Militar) está escoltando os caminhoneiros que não aderiram ao movimento. "O Minaspetro alerta a população para que não faça uma corrida aos postos; é justamente essa ação que pode causar e agravar o desabastecimento", pediu o sindicato, que representa os donos de postos.
Também há registros de paralisação em outros estados.
Negociações
O governo de Minas ainda não deu indícios de uma possível negociação com a categoria. Procurada, a Secretaria da Fazenda de Minas Gerais destacou que "os últimos reajustes nos valores dos combustíveis não se devem ao ICMS cobrado pelos estados, mas sim à política de preços adotada pela Petrobras".
Em nota, a Petrobras apenas informou que "não há impacto às operações da companhia em suas unidades operacionais”.
Nesta quinta-feira (21), o governador Romeu Zema (Novo) criticou a proposta que tenta estabelecer uma faixa-padrão do ICMS para todos os estados.
No mesmo dia, o presidente Jair Bolsonaro defendeu a criação de um auxílio para caminhoneiros autônomos, com o objetivo de reduzir o impacto financeiro do preço do diesel.