Heineken desiste de erguer fábrica perto de sítio arqueológico em MG

A cervejaria Heineken anunciou, nesta segunda (13), que sua nova fábrica no Brasil não será mais construída em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte.

A cervejaria informou que anunciará o novo local que receberá sua unidade em breve, mas já adiantou que será em Minas Gerais.

A decisão foi tomada após meses de diálogos relacionados ao fato de o terreno do projeto original localizar-se dentro da APA (Área de Preservação Ambiental) Carste de Lagoa Santa, que abriga a caverna onde foi encontrado o crânio de Luzia, o fóssil humano de aproximadamente 11.500 anos, considerado o mais antigo achado na América do Sul.

Mauro Homem, diretor de Assuntos Corporativos da cervejaria, avalia que a permanência da empresa em Pedro Leopoldo só faria sentido se contasse com o apoio de toda a sociedade, incluindo agentes que contribuem para o desenvolvimento socioambiental da região.

"O respeito e o cuidado com as pessoas e com o meio ambiente direcionam nossas decisões. Seguimos todos os ritos para obter a licença ambiental e temos autorização judicial para construir a cervejaria, o que demonstra a legalidade de todo o processo e na forma como conduzimos nossa operação. No entanto, entendemos que nossa permanência no local ainda divide opiniões e que, para seguir adiante, teríamos que dedicar mais tempo para realização de novos estudos. Por tudo isso, tomamos a decisão de buscar outra área que atenda à demanda dos próximos anos", explica.

"Somos profundamente gratos à comunidade de Pedro Leopoldo, que nos recebeu de braços abertos, ao esforço e apoio da Prefeitura e a todos os parceiros que se juntaram ao Grupo Heineken nesse grande projeto. Seguiremos juntos em Minas Gerais, vamos avaliar novas oportunidades dentro da área que já ocupamos e, em parceria com o Ministério Público, faremos uma doação para contribuir com a preservação do sítio arqueológico", finaliza o diretor.

Impasse

Em setembro deste ano, a construção chegou a ser embargada peloInstituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – órgão federal vinculado ao Ministério do Meio Ambiente –, sob alegação de falta de licenciamento adequado para o empreendimento e falta de estudos de impacto. Em outubro, a Justiça autorizou a obra, mas a companhia optou por aguardar as análises finais sobre o tema.

Alguns grupos fizeram omovimento #EuQueroAHeinekenAqui,como uma tentativa de apoiar a fábrica na cidade, pensando nos potenciais ganhos econômicos da construção.

* Estagiária sob supervisão de Pablo Nascimento