Homem confundido com maníaco fica preso mais tempo que culpado
Eugênio Fiúza de Queiroz passou 17 anos detido enquanto Pedro Meyer Ferreira Guimarães, o "Maníaco do Anchieta", cumpriu seis anos
Minas Gerais|Clara Mariz, do R7*
O artista plástico Eugênio Fiúza de Queiroz, de 69 anos, confundido com o “Maníaco do Anchieta” em 1995, passou mais tempo preso do que o verdadeiro culpado, o ex-bancário Pedro Meyer Ferreira Guimarães.
Fiúza foi condenado a 37 anos de prisão e passou 17 em cárcere privado. Já o agressor, ficou detido por seis anos, até ter a soltura determinada pela Justiça na última sexta-feira (16).
O artista plástico foi acusado por uma série de estupros que aconteceu em Belo Horizonte na década de 90. Nove vítimas identificaram o homem como sendo o autor dos ataques.
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Eugênio Fiúza foi considerado inocente em 2015, dois anos após Meyer se entregar à Justiça e ser identificado por diversas vítimas, inclusive as mulheres que o confunfiram com o artista.
Em 2017, o Governo de Minas Gerais foi condenado pelo TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) a pagar uma pensão mensal de R$ 4.685 para o homem, por ter sido preso injustamente.
Outro inocente
Fiúza não foi o único a ser confundido com o “Maníaco do Anchieta”. Em 1997, Paulo Antônio da Silva foi condenado há 30 anos de prisão. O porteiro, na época, também foi reconhecido como autor dos abusos pelas vítimas. Ele cumpriu cinco anos em regime fechado e outros 11 anos em prisão domiciliar até conseguir provar sua inocência, em 2013.
Após o fato, ele entrou com com uma ação na Justiça pedindo reparação pela prisão injusta e recebeu R$ 2 milhões do Estado.
O verdadeiro maníaco
Neste domingo (18), Pedro Meyer Ferreira Guimarães foi solto, por decisão da Justiça, depois de cumprir dois terços da pena de nove anos. Ele foi condenado em 2013 após se entregar à polícia.
Em 2012 Meyer, foi denunciado por uma mulher que o reconheceu no meio da rua. A vítima foi uma das garotas estupradas em 1997. Ao reconhecê-lo caminhando na rua, ela seguiu o agressor até a casa onde ele vivia e chamou a polícia. Meyer passou seis anos preso, por estupro de vulnerável.
Na decisão assinada nesta sexta-feira (16), o juiz Wagner Cavaliere alegou que, após a realização de exames, ficou constatado que Meyer não apresentou sinais de psicopatia e nem alterações das funções psíquicas.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Lucas Pavanelli