A investigação da Polícia Civil de Minas Gerais aponta que o assassinato de Clara Maria Venâncio Rodrigues, de 21 anos, foi premeditado. Thiago Shafer Sampaio, de 27 anos, e Lucas Rodrigues Pimentel, de 29 anos, estão presos por homicídio qualificado por motivo torpe. Os dois confessaram participação no crime, mas divergiram sobre detalhes da morte, como aponta depoimentos os quais o Jornalismo da RECORD MINAS teve acesso.O corpo de Clara Maria foi encontrado, na casa de Thiago, no bairro Ouro Preto, na região da Pampulha, em Belo Horizonte, nesta quinta-feira (12). A Polícia Civil foi ao local após amigos de Clara procurarem a delegacia para registrarem o seu desaparecimento. A última vez que eles tiveram contato com a jovem foi no domingo (9), quando ela disse ao namorado que iria até a casa de Thiago receber um dinheiro que ele devia a ela.Thiago Shafer e Clara trabalharam juntos em uma padaria, na região da Pampulha, por três meses. Foi durante este período que ele pegou dinheiro emprestado com a vítima. Segundo funcionário da padaria, Thiago foi demitido do estabelecimento por justa causa após ser encontrado consumido entorpecente no local de trabalho. Em depoimento, Thiago alega que não teve mais contato com Clara após ser demitido e que foi Lucas Rodrigues que o procurou para arquitetarem o crime.Lucas Rodrigues Pimentel conheceu Clara Maria por intermédio de Thiago. Segundo ele, Clara e Lucas tiveram um desentendimento. Os três estariam em um estabelecimento quando Lucas usou uma expressão nazista. Clara teria o repreendido e, segundo testemunhas, Lucas não gostou.Segundo depoimento de Thiago, Lucas o procurou e sugeriram deles matarem a garota. Eles teriam se encontraram dias antes para planejar o crime. Ele conta que agiu movido por dinheiro, mas que Lucas tinha ódio da vítima.“Lucas teria dito que eles ‘precisamos matar a Clara por que não aguento mais ver a cara dessa menina e também, eu preciso me vingar’. Que nesse momento o declarante concordou com Lucas, pensando em ganhar um dinheiro com a morte da Clara”, disse Thiago, em depoimento.Eles teriam planejado matá-la no domingo, pois na segunda, ela estaria de folga no trabalho e eles teriam mais tempo para ocultar o corpo. Os dois pretendiam acessar a conta bancária de Clara e transferir o dinheiro que estivesse lá para eles. Questionado se planejavam fugir, ele disse que sim, caso conseguissem dinheiro.No domingo, Thiago mandou uma mensagem para Clara convidando ela para ir até a casa dele e receber o valor devido. Segundo ele, ao entrarem na casa, Lucas atacou Clara por trás e a sufocou enquanto Thiago a segurava. Thiago relatou que eles tentaram acessar as contas da vítima usando reconhecimento facial e digital, mas não tiveram sucesso. Eles teriam ficado consumindo bebida alcoólica enquanto pensavam o que fazer com o corpo. Thiago conta, ainda, que Lucas proferiu ofensas contra a vítima, após sua morte.“Lucas pegou uma faca que estava nos pertences de Clara e fez um corte na coxa direita da mesma, proferindo as seguintes frases: Toma aí, sua desgraçada, cadê que você vai falar alguma coisa agora? Discorda de mim agora”, contou Thiago, durante depoimento. O corpo de Clara foi enterrado em uma cova rasa, na própria casa de Thiago, apenas no dia seguinte.Lucas nega ter premeditado o crime e alega que Thiago era quem falava de matar a vítima, mas que ele nunca pensou que aconteceria de verdade. “Em depoimento, Lucas disse que Thiago havia lhe dito que estava com a intenção de matar Clara em virtude de uma dívida de R$400 que ele tinha com ela e porque ele teria sido demitido do restaurante (Padaria) onde trabalhava por conta de Clara. Lucas disse que não levou a sério a fala do Thiago e não achava que ele teria coragem de fazer isso”, aponta o documento da Polícia Civil.Lucas alega, ainda, que foi Thiago quem asfixiou Clara, enquanto ele segurava a vítima. Ele admite ter ajudado a esconder o corpo. Os dois negam ter abusado sexualmente da vítima. A Polícia Civil solicitou que a prisão seja convertida em preventiva, uma vez que “os investigados demonstraram periculosidade concreta, planejaram executaram o crime com requintes de crueldade, além de tentarem se apropriar dos bens da vítima”.