Justiça cancela perícia em celular de advogado do agressor de Bolsonaro
Polícia Federal cumpriu um mandado de busca e apreensão no endereço de Zanone Manuel de Oliveira; equipe tenta descobrir quem paga o advogado
Minas Gerais|Ezequiel Fagundes, da Record TV Minas
O desembargador Néviton Guedes, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em Brasília, cancelou a apreensão de documentos e equipamentos eletrônicos do advogado de Adélio Bispo, autor confesso da facada contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Com a decisão, foi suspensa a perícia no aparelho de celular de Zanone Manuel de Oliveira, bem como vistoria do livro caixa, de recibos e comprovantes de pagamento de honorários advocatícios do defensor.
A liminar, divulgada nesta sexta-feira dia (1º), atende mandado de segurança do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil e da Ordem dos Advogados do Brasil de Minas.
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O despacho atinge diretamente a investigação da PF, que apura quem estaria patrocinando a defesa de Adélio e se existe alguma organização criminosa ou pessoa por trás do crime. A perícia no celular é considera essencial para tentar esclarecer o atentado.
Na decisão, o desembargador entendeu que a atuação de advogados é protegida pelo sigilo profissional. "A decisão sob comento, especificamente, quanto à busca e apreensão de livro-caixa, recibos e comprovantes de pagamento de honorários e do aparelho telefônico do advogado representado, bem assim qualquer ato de análise ou perícia dos materiais apreendidos em decorrência dessa decisão, protegidos pelo sigilo profissional", destacou Néviton Guedes.
O magistrado afirmou que o material apreendido não poderá ser usado pela PF e pelo Ministério Público sob pena de nulidade da investigação. "Até pronunciamento contrário deste Tribunal, não poderão ser utilizados sob pena de nulidade e eventual responsabilização. Esta decisão terá a sua eficácia temporal limitada à apreciação pelo eg. Colegiado da Segunda Seção, ou até que outra decisão seja proferida".
Em dezembro, a PF fez buscas e apreendeu documentos, telefone celular e imagens de circuito interno do escritório de Zanone em Contagem, na região Metropolitana de Belo Horizonte, em operação autorizada pela juiz Bruno Souza Sabino, da Justiça Federal em Juiz de Fora, na Zona da Mata.
No local, além do escritório funciona outras propriedades do advogado. Adélio esfaqueou Bolsonaro em setembro, durante um ato de campanha numa praça em Juiz de Fora. No primeiro inquérito, a PF concluiu que Adélio agiu sozinho.
Veja imagens do ataque: