Médico de paciente morta em clínica é alvo de segunda investigação
Josemar Fernandes Heringer é alvo de inquérito de 2011, quando uma mulher morreu após realizar procedimento estético na sua clínica
Minas Gerais|Hellen Oliveira, da RecordTV, com Lucas Pavanelli, do R7 Minas
O médico Josemar Fernandes Heringer, dono da clínica onde uma jovem morreu no último sábado (12) após realizar um procedimento estético, é investigado por outra morte.
Em 2011, a funcionária pública Kátia Márcia Oliveira, de 39 anos, faleceu após uma cirurgia plástica realizada em uma outra clínica, mas com o mesmo profissional. A servidora teve uma embolia pulmonar 12 horas depois de fazer uma abdominoplastia, redução de mama e lipoaspiração.
Na época, a família de Kátia chegou a denunciar a clínica, que não teria oferecido estrutura adequada para realizar a operação e também para controlar as complicações que resultaram da cirurgia.
Um inquérito foi aberto pela Polícia Civil para investigar a morte, mas não avançou. Segundo o delegado Vinicius Dias, no entanto, as provas colhidas naquela época podem ser aproveitadas nessa nova investigação.
- Essa investigação foi instaurada em 2011, teve um encaminhamento e, nos próximos dias, deve ser remetida à Justiça com relação aos fatos. As provas que estavam nele podem ser usadas agora.
Clínica e médico
Apesar de a clínica possuir alvará da Prefeitura de Belo Horizonte para funcionar, ela não tinha autorização para realizar cirurgias de moderado ou alto risco. Edisa Soloni, de 20 anos, morreu após fazer uma lipoescultura e enxerto dos glúteos.
A investigação da Polícia Civil também apontou que o médico responsável pelo estabelecimento não é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Josemar Fernandes Heringer, mas apirante a membro, como explica o delegado Vinicius Dias.
- Ele não está autorizado, chancelado para realizar todos os procedimentos, apenas alguns de menor importância e de menor gravidade.
A polícia também confirmou que a paciente tinha um problema cardíaco, que foi apresentado nos exames de pré-operatório e que exigia maior cuidado com a paciente. Agora, a investigação vai apurar se houve negligência, imprudência ou imperícia. Se confirmado que a falta do cuidado do médico resultou na morte da mulher, ele pode responder por homicídio.
Terceiro caso
Já a Ana Paula Araújo diz que foi vítima de um erro do mesmo médico ao se submeter a uma mamoplastia em 2006. Ela entrou com uma ação na Justiça, mas, 14 anos depois, ainda não teve um julgamento.
- Estou recebendo a notícia da jovem de ontem com muita tristeza. Devido à outra morte que ocorreu em 2011, fizemos vários protestos, os filhos dela entraram na Justiça e também não tem nenhum parecer. Agora, outra jovem que corre atras de um sonho e perde a vida...
A Polícia Civil cogita pedir o fechamento da clínica nos próximos dias. A corporação também reocmenda que, antes de realizar um procedimento estético, as pessoas pesquisem sobre o médico e o local onde a cirurgia estética será realizada.
Outro lado
Os representantes da clínica não quiseram gravar entrevista, mas afirmaram que a paciente realizou todos os exames pré-operatórios e estava apta para passar pela cirurgia. Eles também disseram que providenciaram ambulância e hospital para que a vítima fosse socorrida.
O CRM-MG (Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais) informou que vai apurar os fatos.