Minas tem 10 mil casos de síndrome respiratória grave inconclusivos
Dos 16 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave, 2 mil foram confirmados como covid-19, mas 10 mil não tiveram causa determinada
Minas Gerais|Enzo Menezes, da RecordTV Minas e Lucas Pavanelli, do R7
Até a última quinta-feira (15), Minas Gerais tinha registrado 16.511 casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave). Desses, 2.220 foram confirmados, por meio de testes, como casos de covid-19. Apenas 109 análises deram positivo para a Influenza e outras 45, para outros vírus respiratórios.
No entanto, mais de 10 mil registros não tiveram a causa especificada e 3.935 ainda estão em análise. Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
Já os registros de síndrome gripal inespecífica, passam dos 208 mil. Segundo a microbiologista da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), Viviane Alves, esse montante de casos classificados dessa maneira ocorre porque nem todos os pacientes que procuram as unidades de saúde com problemas respiratórios são testados.
Para a pesquisadora, os mais de 10 mil casos que deram resultado "inespecífico" deveriam ser testados novamente.
— Ou o teste falhou, ou a amostra não estava adequada. Tem vários motivos para não conseguirem o resultado. Boa parte das amostras devem ser de covid-19, mas a questão é que só de existirem tantas amostras de SRAG em 2020 já mostra a subnotificação, porque houve um grande aumento em relação ao ano passado
O infectologista Wellington Pinto diz que os casos inespecíficos podem acusar algum outro tipo de vírus ou a covid-19.
— Muitos podem dar inespecífico por serem outros tipos de vírus, e outros deveriam refazer o PCR. Da forma como estão, ficaram sem avaliação especial. Ideal é certificar ser ou não um coronavírus e que os testes fossem refeitos, mas o PCR é caro e faltam insumos.
Subnotificação
Dados da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) indicam que os estados com baixa confirmação de covid-19 têm alto índice de Síndrome Respiratória Aguda Grave. É o caso de Minas, onde a cada 10 mortes por covid-19 há outras 45 pela síndrome.
A média nacional é de 10 mortes por covid-19 para oito por SRAG. Um levantamento do R7 mostra que, nos quatro primeiros meses do ano, o número de casos classificados como Síndrome Respiratória Aguda Grave aumentou 763% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A covid-19 pode ser confundida com outras síndromes gripais, já que os sintomas são parecidos. É comum que pacientes de covid e de outras doenças respiratórias apresentem tosse, coriza, dor de garganta e febre. E quando os testes não são realizados, o casos de covid-19 podem ficar subnotificados, como afirma o médico virologista Flávio Fonseca.
— Se o vírus não é especificado, esse caso já é subnotificado, porque não determina o diagnóstico. A gente não sabe a realidade desses 9 mil casos. Na UFMG existe um controle interno de qualidade para testagem da amostra. Se esse controle falha, o teste é invalidado.
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