Mulheres denunciam tio por estupros quando elas eram crianças
Vítimas relataram que os casos aconteceram ainda na década de 90, quando tinham entre 5 e 10 anos de idade; familiares falam em 9 crianças abusadas
Minas Gerais|Vinicius Araújo, da Record TV Minas, com Caio Augusto*, do R7
Um homem é acusado por familiares de estuprar nove crianças, entre afilhadas e sobrinhas da esposa, em Ibirité, na região metropolitana de Belo Horizonte. Os abusos teriam ocorrido ainda na década de 90, quando as meninas tinham entre 5 e 10 anos de idade. Esse é mais um caso de violência sexual contra crianças em Minas Gerais revelado nos últimos dias.
O suspeito, que era chamado de tio pelas meninas, chegou a ser preso em julho desde ano, mas ficou detido por menos de um mês. Ele teve a prisão preventiva revogada pela Justiça.
Daiane Bessa conta que foi abusada dos 5 aos 9 anos pelo homem, e diz que parou de frequentar a casa dos padrinhos para escapar da violência.
— Quando eu começei a entender, por volta dos meus 7 anos, eu começei a negar. Ele começou a fazer à força e foi aí que começei a afastar mais da família.
Esta outra afilhada do suspeito, que não quis se identificar, teria sido abusada durante uma década. Dos 5 aos 15, ela sofreu em silêncio e conta que os abusos eram variados.
— Aconteceram em vários lugares, de alguma forma. Eu tentava evitar, mas como eu era criança e ele era mais forte, eu não conseguia sair desse tipo de abuso.
Outra sobrinha do suspeito, que sofreu ataques por três anos, disse que só a partir dos 8 anos, quando começou a ter aula de educação sexual na escola, notou que havia sido abusada.
— Eu não percebi que tinha alguma coisa errada, só a partir dos meus 8 anos, que "começaram" a ter aulas de educação sexual na escola, fui perceber o que havia acontecido.
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Denúncia
Segundo a mãe da jovem, foi ela que denunciou os abusos, após entregar uma carta escrita relatando o que havia acontecido.
— Ela falava que sempre que ia para a escola, o tio a chamava para dentro de casa, enfiava a mão por baixo da roupa dela e oferecia balas.
Além disso, a mãe contou que a jovem escreveu na carta, que ela era ameaçada caso contasse para alguem o que havia acontecido.
— No primeiro momento, a minha preocupação era de protejer minha filha, porque eu vi que ela estava deprimida, só ficava trancada no quarto e chorava.
Logo após, as duas decidiram procurar a filha do suspeito para relatar o crime. A partir disso, a mãe contou que outras meninas também relataram o que havia acontecido.
— A gente reuniu após saber que outras vítimas também relataram a mesma coisa. Foi aí que procuramos a filha do tio para contar o que aconteceu.
A mãe ainda relatou que, após irem até a delegacia denunciar os crimes, outras primas se encorajaram para fazer o mesmo. Daiane, uma das vítimas, diz que fez terapia para enfrentar os traumas.
— Fiz tratamento com psicólogo, fiz tratamento com psiquiatra. Tive uma depressão muito profunda e cheguei a pesar 43 quilos.
As vítimas disseram que os abusos cometidos pelo tio começaram na década de 90, e que a impunidade teria durado mais de 20 anos.
Prisão
Por meio de nota, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que o suspeito foi preso em 10 de julho e liberado em 6 de agosto, porque teve a prisão preventiva revogada. A corporação ainda informou que o homem irá responder pelos crimes em liberdade.
Com a soltura do suspeito, as vítimas dos abusos esperam vê-lo atrás das grades.
— Eu quero que ele fique lá. Não saia, porque ele tem que pagar por tudo que fez.
Outros casos
Nesta terça-feira (18), o R7 mostrou o caso de um padrasto suspeito de abusar sexualmente de quatro enteadas, em João Pinheiro, a 380 km de Belo Horizonte.
Investigações da Polícia Civil apontam que o suspeito abusou das meninas por oito anos seguidos, desde que tinham 10 anos de idade. O homem foi preso e se for condenado, ele pode pegar uma pena de 8 a 15 anos de prisão.
Outra denúncia foi feita em Várzea da Palma, a 307 km de BH, também nesta terça-feira. Um homem de 54 anos foi indiciado por suspeita de ter estuprado, ao menos, 14 crianças. Investigações apontaram que os abusos aconteceram no início dos anos 2000, quando o homem aproveitava que promovia atividades sociais para cometer os abusos.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Lucas Pavanelli