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Museu ficará com corpo da elefanta Beré, morta no zoológico de BH

Esqueleto da fêmea se juntará ao de Joca, que morreu em 1995, e ao do filhote natimorto do casal, no Museu de Ciências Naturais

Minas Gerais|Pablo Nascimento, do R7

Corpo de Beré já foi levado para Museu e poderá ter o esqueleto exposto
Corpo de Beré já foi levado para Museu e poderá ter o esqueleto exposto

A história e o esqueleto da elefante fêmea Beré, que morreu aos 46 anos no Zoológico de Belo Horizonte, serão "eternizados" no Museu de Ciências Naturais da PUC Minas, no bairro Coração Eucarístico, na região Noroeste da capital mineira.

Horas após a confirmação do óbito, nesta quinta-feira (14), o animal da espécie rara de elefante-africano já foi levado para o laboratório do centro de exposições referência na área de paleontologia.

— Nossa equipe trabalhou até tarde para que a decomposição não atrapalhasse a preparação do corpo - explicou Bonifácio José Teixeira, coordenador do museu.

O processo passa pela retirada da carne do animal, maceração e limpeza dos ossos e, em seguida, a montagem do esqueleto. Teixeira explica que o procedimento pode demandar até um ano de trabalho. Neste período, ele e sua equipe vão avaliar se Beré fará parte da exposição permanente ou se terá a ossada guardada na reserva técnica.


— É um processo lento e caro, feito com muito respeito e cuidado científico.

O biólogo Humberto Mello, gerente do zoológico da capital mineira, explica que a parceria com o museu da universidade é antiga. Os corpos de outros animais já foram cedidos para a instituição, entre eles o do gorila Idi Amin, morto em 2012. Apesar de triste com a perda da elefante fêmea, Mello se diz feliz com o legado de Beré.


— É muito bom saber que ela vai continuar contribuindo com um outro lado da educação, aquele que conta a história das espécies e chama atenção para o risco de extinção que correm.

Família se reúne


Atualmente, o Museu de Ciências Naturais da PUC Minas expõe os esqueletos dos elefantes Joca e Margarete, ambos também ex-moradores da Fundação Zoo-Botânica de Belo Horizonte.

Joca, então parceiro de Beré, morreu em 1995, aos 23 anos, vítima de uma broncopneumonia crônica. O casal protagonizou as únicas experiências brasileiras de reprodução em cativeiro de elefantes do gênero africano. O acervo da PUC Minas também guarda uma reconstituição do primeiro filhote deles, nascido morto em 1983.

Ainda com Joca, Beré teve outras duas reproduções bem-sucedidas, dando à luz a Axé, fêmea moradora do zoo de BH, e a Chocolate, macho levado para o Jardim Zoológico de Brasília.

A despedida

As horas que sucederam a morte de Beré foram de muita tristeza entre a equipe de funcionários, lembra Mello. O gestor conta que também precisou garantir a tranquilidade de Axé e Jamba, os dois elefantes que restaram na instituição. Ambos animais tiveram um momento de "despedida".

— Beré morreu na área de manobra do parque. Antes de remover o corpo, nós deixamos a Axé e o Jamba irem até lá para sentirem seu cheiro e entenderem que ela não estaria mais ali no outro dia. Os dois estão aparentemente bem, mas estamos monitorando o comportamento deles.

O laudo com a indicação da causa de morte deve ficar pronto até meados do próximo mês de dezembro. Segundo Mello, os indícios são de que a elefanta tenha sido vítima de uma infecção generalizada decorrente de infecções uterina e pulmonar.

— Ela já vinha sendo tratada cuidadosamente desde julho com o apoio da Escola de Veterinária da UFMG, mas a idade pode ter agravado o quadro. Nesta fase, os elefantes já estão na vida idosa.

Nascida na África, Beré chegou em Belo Horizonte aos dois anos, em 1977, sendo um dos animais mais velhos do zoológico da cidade. Ela foi transferida para o Brasil após um acordo com o governo africano em meio ao aumento das caçadas a elefantes na região.

Agora, a equipe do zoo da capital mineira avalia se irá realizar novas reproduções de elefantes na unidade.

— É um assunto que discutimos com vários setores. Atualmente, não temos mais o objetivo de simplesmente reproduzir as espécies para que elas possam ficar expostas no zoológico. Também temos que pensar no bem-estar e na preservação delas - conclui Humberto Mello.

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