A Prefeitura de Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte, investiga a presença do verme cabeça de martelo no quintal de uma família que vive na cidade. Rara no Brasil, a espécie é tóxica e pode prejudicar plantações, além de contaminar animais e seres humanos. • Compartilhe esta notícia no WhatsApp • Compartilhe esta notícia no Telegram O bicho, que se parece com uma minhoca, pode chegar a 60 cm de comprimento. Não havia relatos da presença do verme em área urbana no Brasil até que a dona de casa Katia Oliveira Medina percebeu um no quintal dela, no fim de setembro deste ano. “Eu nunca vi uma coisa assim. Apareceram vários. Levantei o tapete, e o bicho estava lá.” Os vermes estavam no quintal da família, que é cercado de plantas, terra e árvores. Os proprietários recolheram amostras para entregar ao poder público. Especialistas explicam que o cabeça de martelo elimina as minhocas nativas e também põe plantações em risco, além de representarem um perigo para animais e humanos. “Ele solta uma substância que é e neurotóxica. Se algum pet, gato, cachorro ou até mesmo galinha se alimentar dele, podem ocorrer reações como desnorteamento. Se crianças o colocarem na boca, podem ter dor de cabeça e confusão mental”, detalha a bióloga Fernanda Raggi. Kátia relatou a morte de uma galinha da família. Ela também encontrou dois gatos mortos no local. “Não sei se tem relação com o verme, mas é uma possibilidade”, sugeriu. Uma característica chamou a atenção dos moradores de Pedro Leopoldo: quando partiram o cabeça de martelo ao meio, o verme continuou a se mexer. “Este é um platelminto, parente da planária. Ele tem a capacidade de regeneração caso você faça algum tipo de corte ou fissura nele”, explicou a bióloga.Histórico Segundo especialistas, o verme já foi visto no Brasil no fim da década de 70 e em 1999. Nas duas vezes, estava em área de floresta. “É um animal que não é comum de se ver aqui no Brasil. Os relatos são dos Estados Unidos e da Europa, mas ele fica muito presente em áreas de fazenda, em ambientes subterrâneos, quentes, úmidos e escuros”, comenta Fernanda Raggi. Fernanda acredita que o bicho tenha chegado a Pedro Leopoldo por meio de viajantes. “O verme é de origem indiana. Acredito que eles vieram transportados por navios quando tivemos a chegada de pesquisadores, principalmente de áreas de botânicas e cavernas. Temos muitas cavernas em Pedro Leopoldo”, sugere. “Provavelmente eles vieram como forma de praga urbana, se desenvolveram e ficaram quietos dentro das cavernas. Como agora a gente está tendo um ambiente mais quente, provavelmente com as chuvas, tivemos alguma movimentação de terra ou até mesmo do material que fica dentro das cavernas. Agora, temos a disseminação no ambiente externo”, completa. A sugestão da bióloga é que os moradores coloquem sal nos vermes encontrados nas casas. “O sal não é tóxico para o solo”, diz ela sobre a substância que pode matar o cabeça de martelo.Investigação Leonardo Viana, biólogo da Prefeitura de Pedro Leopoldo, informou à reportagem que as amostras já foram coletadas. “Tudo indica que seja o verme cabeça de martelo, mas vamos mandar a amostra para um laboratório especializado confirmar a identificação. Vamos consultar especialistas e laboratórios para definir melhor as orientações e as medidas que serão adotadas pela prefeitura”, declarou. A Prefeitura de Pedro Leopoldo orienta os moradores a fazer contato com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente caso encontrem o verme ou um animal semelhante. O telefone é (31) 98814-6540. Procurada pela reportagem, a Funed (Fundação Ezequiel Dias) informou que a instituição não realiza exames do tipo. Na Fiocruz Minas (Fundação Oswaldo Cruz), também não há pesquisas sobre o cabeça de martelo.Veja mais informações sobre o verme: