Promotor acusado de matar esposa alertou amigos sobre investigação
Segundo a polícia, após saber que o corpo da vítima seria enviado para perícia, André Pinho enviou mensagens aos colegas
Minas Gerais|Shirley Barroso com Enzo Menezes e Vinícius Rangel, da Record TV Minas
Dados colhidos pela força-tarefa que investigou a morte de Lorenza Maria Silva de Pinho apontam que o marido dela, o promotor André Luís Garcia de Pinho, acusado de ter assassinado a companheira, enviou mensagens a colegas alertando sobre uma possível convocação deles para depoimento após a Justiça determinar a perícia no corpo da mulher que já estava sendo preparado para cremação em uma funerária.
As informações foram confirmadas pelo delegado Alexandre Oliveira, responsável por levar o corpo para o IML (Instituto Médico Legal) após parentes de Lorenza acionarem a Polícia Civil suspeitando da causa de morte alegada pelo marido. Na época, André Pinho disse que a mulher de 41 anos morreu engasgada enquanto dormia sob efeito de remédio e álcool.
— Logo depois que ele [André Pinho] descobriu que o corpo de Lorenza não para cremação e sim para o IML, ele começou a disparar mensagens repetidas para todos seus amigos tentando criar uma rede de contatos favorável e já antecipando que isto iria virar uma investigação e que algumas pessoas poderiam ser ouvidas.
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O inquérito apontou que Lorenza foi intoxicada e asfixiada por Pinho. Além de denunciar o promotor por feminicídio, o MP também denunciou por falsidade ideológica os médicos que atestaram a morte de Lorenza por “pneumonite, devido a alimento ou vômito, e autointoxicação por exposição intencional a outras drogas”.
Na avaliação dos investigadores, a morte de Lorenza foi premeditada e isso teria ficado comprovado nas imagens e documentos recolhidos.
— A própria aquisição dos dois litros de cachaça, a forma como foi feita declaração de óbito a possibilitar a cremação. Além disso, o contrato de cremação estava em nome do doutor André e após a morte, ele transferiu para o nome da Lorenza.
O promotor está preso desde o dia 4 de abril e a justiça vai decidir se ele irá responder por feminicidio. A defesa de André Pinho nega que ele tenha causado o óbito de Lorenza.