Tragédia da Vale provoca pesadelos e insônia em atingidos por barragem
Sobreviventes da comunidade de Córrego do Feijão, em Brumadinho, relatam distúrbios desenvolvidos após o rompimento da estrutura
Minas Gerais|Paulo Henrique Lobato, do R7
Desde 25 de janeiro, quando uma barragem da Vale se rompeu em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, parentes e amigos das vítimas têm pesadelos constantes ou passam boa parte da noite sem conseguir dormir.
A comerciante Maria Camila do Carmo, por exemplo, não fecha os olhos mais que três horas por noite.
— Não desejo nosso sofrimento nem para um cachorro. Perdi um primo e vários amigos.
Ela é dona de uma pequena sorveteria em Córrego do Feijão, povoado de Brumadinho, onde moravam muitas vítimas. A lama não levou apenas vidas. Destruiu também a estrada que ligava o lugarejo à sede do município. Resultado: dona Maria fechou a sorveteria, pois não tem como buscar mais mercadorias para revendê-las.
— O percurso na estrada que foi destruída levava 15 minutos. Pelo caminho que precisamos fazer, agora, mais de uma hora e meia. O custo aumenta. Estou no prejuízo. Isso também tira o sono.
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Wilson Martins, de 60, também não dorme mais como antes. E, quando cochila, tem sucessivos pesadelos. Ele lembra os momentos de pavor que viveu com a família no dia do rompimento.
— Quando a barragem estourou, eu saí correndo com medo de morrer. Carreguei meu filho, cadeirante. Minha esposa, que estava operada, correu também. Os pontos arrebentaram por causa do esforço que ela fez. Então ela piorou. Voltou a ser internada. Está em um hospital em BH.
O drama do lavrador Alcir Carlos dos Santos, de 40, também foi causado pela barragem.
— Perdi dezenas de amigos. Não durmo mais que três horas por noite. Quem consegue? Ninguém.
Sarah, cachorra dos bombeiros de SP, auxilia em Brumadinho: